sábado, 27 de junho de 2009


em cada poema uma dúvida
um nuvem luminosa
em cada poema sem resposta
a alma se interroga

a cada poema uma bússola
uma ilha que se afasta
a cada poema uma porta
atrás de outra porta

em cada poema a palavra absoluta

passeio entre árvores e livros
em ambos leio
com os pés e os olhos alheios
o coração da humanidade
colho furtos doces e amargos
nem por isso interrompo a escrita
passo toda minha vida entre livros e árvores
sempre que posso
com humildade leio
não ignoro os perigos do bosque
as armadilhas do signo
tudo pode acontecer no transitório passeio

sexta-feira, 26 de junho de 2009


a poesia
depois de Auschwitz
é ferida verbal
imperdoável alegoria
paisagem inabitável
inesquecível cicatriz

quarta-feira, 24 de junho de 2009

legado

quando eu morrer
não deixarei fazendas
nem gado
nada no armário
na tela do micro
na memória do leitor
alguns amigos talvez
cuidadosamente amados
não deixarei dívidas no erário publico
nem saudades


deixarei apenas poemas de pedra
contra as armadilhas do espírito
as artimanhas do amor
de pedra e bruma
de músculos e música
incorruptíveis à traição
ao cinismo do lucro
ao interesse subalterno
ao lirismo burocrático

quando eu morrer
- e breve há de ser -
serei um poeta morto
livre de fato

domingo, 21 de junho de 2009


a pedra em Minas
por limite
na vertente se hospeda
no útero da montanha imberbe se decanta

pela pedra em Minas
a alma da poesia
se define
Itabira
Ouro Preto
Dores do Indaiá
Santo Antonio do Monte

o Sítio do Sant” Ana
intocado ainda
pela fúria da mídia
pela pedra se mede

de palavra em palavra
lavra a estrada pedregosa se alastra
a mesma curva atemporal escura
em arcos invisíveis
se inscreve
na fornalha do poema
aflora o campo limpo
transcende a pedra branca
ferve arranha arranca a verve voa
não concede

sexta-feira, 12 de junho de 2009


o amor passeia
sobre teu corpo de areia e sal
lambe em ritmos e sonatas
a base de teus pés
inventa algas e marés
em águas mais profundas
geme de prazer
crispa de sol mar
teus olhos negros me esculpem
de sombras e volumes sinuosos
sobre as dunas únicas da terra

sob o céu ateu e sem nuvens
teu vulto me perturba
meu amor se evapora no teu coração

segunda-feira, 1 de junho de 2009


Bate-Pilão celebra a cultura popular

Os violeiros Pereira da Viola e Wilson Dias celebram a alegria e a riqueza da cultura popular com o espetáculo Bate Pilão em tre apresentações durante o mês de junho, sempre às quinta-feiras, no Lapa Multshow, em Belo Horizonte.

Além de suas raízes comuns, alimentadas pelas águas dos rios Jequitinhonha e Mucuri, os dois artistas trazem uma forte herança familiar marcada pela vivência rural e pela musicalidade ligada às manifestações tradicionais, tanto religiosas, quanto profanas.São, portanto, vozes semelhantes e ao mesmo tempo diferenciadas, temperadas, cada uma a seu modo, pelos ritmos e danças, pela sensibilidade e pela história de vida e artística de cada um deles.

Bate Pilão, título do espetáculo, é o nome de uma das músicas, que faz parte do repertorio, composta por Pereira da Viola, Wilson Dias e João Evangelista Rodrigues. Este samba de roda sugere não apenas o ritmo do primitivo utensílio doméstico, mas a mistura de elementos culturais, pilados, purificados pela mãos dos homens e mulheres que compartilham suas alegria e seus cantos de trabalho.

No meio rural é comum duas ou mais pessoas alternarem as batida do pilão para limpar o arroz, o café, o milho, produtos básicos de sua sobrevivência, em um tempo em que ainda não havia energia elétrica nem o beneficiamento industrial dos alimentos. Feito de tronco de madeira e colocado geralmente em um canto da cozinha ou na varanda do terreiro, o pilão serve também de banco nas horas de lazer e de boa prosa.

A idéia, portanto, é permitir que as pessoas de Belo Horizonte aproveitem os festejos juninos, para entrarem em contato e conhecer os elementos da cultura popular brasileira, no que tem de melhor e mais autêntico em termos de mineiridade e de contemporaneidade. É como diz a música, “bate pilão da cultura/ amor, tristeza e paixão/bate palavra mais dura/que não merece perdão/farinha com rapadura/boca de forno e carvão”.

É com esta mistura de ritmos, de visões de mundo, de sentimentos e de estilos, que os cantores e compositores Pereira da Viola e Wilson Dias querem celebrar e compartilhar com o publico a alegria da festa, a saudável sensualidade da dança e do espírito lúdico, principias características das manifestações populares.Seja através de músicas como Bicho Calango, Dona Mariana, adaptadas por Pereira da Viola ou , de brincadeiras de roda, como Tindolêlê, de domínio
público, seja pelas adaptações feitas por Wilson Dias, como Da Lira, Rala Coco e Periquito Maracanã. Seja, por fim, através de músicas autorais, intencionalmente compostas a partir das vivências e pesquisas , enraizadas na cultura popular, como o Coco Sai Capeta , e o Samba de Roda, Bate-Pilao, entre outras, compostas por Pereira da Viola, Wilson Dias em parceria com o poeta João Evangelista. Isto, sem falar do forró de pé-de-serra, que marcou o início das atividades do Lapa Multshow, tornando este espaço uma referência das noites da capital l mineira.

Uma novidade do projeto Bate-Pilão é que além da magia de sua viola caipira, instrumento que o consagrou, Pereira da Viola vai se apresentar pela primeira vez em publico tocando rabeca. O músico explica que seu interesse pela rabeca nasceu pela identificação com a sonoridade e a força deste instrumento tão presente e marcante na cultura popular , em suas manifestações religiosas e profanas, quanto a viola caipira. “A rabeca e a viola aprecem sempre juntas nas festas populares e nas folias” , comenta Pereira.
A abertura do projeto Bate Pilão será feita juntamente com o lançamento do XXVII Festivale - Festival da Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha que este ano será realizado na cidade de Grão Mogol, de 25 de julho a 1º de agosto.O Coral Trovadores do Vale, da cidade de Araçuaí, participa da primeira apresentação do projeto Bate Pilão, como convidado especial dos dois artistas.
Outra novidade do projeto é a participação especial, como convidado, de um integrante do projeto VivaViola, lançado no Teatro Alterosa, em outubro do ano passado com a participação de Pereria da Viola Wilson Dias, Chico Lobo, Bilora, Gustavo Guimarães e Joaci Ornelas.
O VivaViola valoriza e divulga a música caipira, enquanto manifestação tradicional e fator de formação da identidade cultural brasileira.

No segundo semestre, o projeto Bate Pilão, , pretende mostrar, no Lapamultshow, outros artistas e grupos representativos da cultura popular Trovadores do Vale e Grupo de Coco Oricuri , de Belo Horizonte.

Serviço:
Local: Lapa Multshow
Data: Todas as quintas do mês de junho
Horário – 21h00
Preço Popular, meia: $r10,00
Endereço: Rua Álvares Maciel, Santa Efigênia, Esquina com AV.Brasil
Contato para entrevista:
Picuá Produções
Nilce Gomes – 31 – 34 27 96 70/ 87 21 71 22
Terra Boa Produções
Tuca Rodrigues
31 – 34 82 66 74 / 91 51 68 80