quinta-feira, 26 de maio de 2011


vejo na pedra
através de seu avesso
no seu pelo liso ou espesso
a melodia da água
do que leva
lava a fala
a verdade da pedra suas trevas
da pedra mesma fugidia lesma
do que a ela se agrega
o pássaro liberto
o antílope
o seu antípoda preso
no que na pedra em pedra se transforma
a pedra ela mesma a verdade
sua forma
pela pedra penetro corto
revela o córtex do verbo
a pele da palavra quase pedra
removo todo o excesso dos ossos
os abscessos óbvios
o reflexo dos óculos
entro por dentro de suas entranhas
sombra de pedra em pedra sangra
os olhos a sobrancelha o estômago
o espírito da pedra a palavra quebra
palavra mais que pedra coisa d
de bela face e cores o poema da pedra na encosta da montanha sem, sermões
só a pedra na pedra os olhos os pés as mãos

o poema de pedra em pedra se faz antevisão de tudo na base de pedra
o que alvejo

quarta-feira, 25 de maio de 2011


você quer paz
eu brigo
você me vê
nanico
se você passa
não ligo
se você for
eu fico
eu não sou você
eu lírico

segunda-feira, 23 de maio de 2011

a morte não descansa aos domingos
madruga seu perfil de pedra
afia suas ferramentas
trabalha duro durante a missa
celebra ocultos rituais e predições
dorme depois do almoço
vai ao estádio
não torce pelo mais fraco
não se consente em reflexões
no parque municipal
visita os doentes
penitenciárias e hospícios
vê programas de entretenimento
de gosto duvidoso
engorda seu instinto no sofá da sala
ronca bizarras sonatas
sonha com exóticas paisaqgens
não dirige mais devagar
não se comove com a música
com a miséria
com a indiferença da raça humana
dos condenados a prisão perpétua

aos domingos a morte veste sua roupa de gala
percorre invisível seus caminhos prediletos
olha com desdém os homens nos bares
as mulheres na janela
não repara nas crianças entretidas
com seus brinquedos eletrônicos
nos jovens de sonhos videogames de si mesmos
almoça em silêncio
alheia aos desmando políticos
à às ocorrências policiais
aos eventos familiares

a morte segue à risca
sua agenda de lutos
perpetra crimes hediondos
sempre escapa às condenações
não luta contra as feridas do mundo
não tira férias
licença maternidade
não se aposenta
sente -se feliz
exerce com prazer seu ofício
com absoluta eficiência
é democrática e triste por natureza

a morte não descansa aos domingos
a morte não descansa aos domingos
madruga seu perfil de pedra
afia suas ferramentas
trabalha duro durante a missa
celebra ocultos rituais e predições
dorme depois do almoço
vai ao estádio
não torce pelo mais fraco
não se consente em reflexões
no parque municipal
visita os doentes
penitenciárias e hospícios
vê programas de entretenimento
de gosto duvidoso
engorda seu instinto no sofá da sala
ronca bizarras sonatas
sonha com exóticas paisaqgens
não dirige mais devagar
não se comove com a música
com a miséria
com a indiferença da raça humana
dos condenados a prisão perpétua

aos domingos a morte veste sua roupa de gala
percorre invisível seus caminhos prediletos
olha com desdém os homens nos bares
as mulheres na janela
não repara nas crianças entretidas
com seus brinquedos eletrônicos
nos jovens de sonhos videogames de si mesmos
almoça em silêncio
alheia aos desmando políticos
à às ocorrências policiais
aos eventos familiares

a morte segue à risca
sua agenda de lutos
perpetra crimes hediondos
sempre escapa às condenações
não luta contra as feridas do mundo
não tira férias
licença maternidade
não se aposenta
sente -se feliz
exerce com prazer seu ofício
com absoluta eficiência
é democrática e triste por natureza

a morte não descansa aos domingos

domingo, 22 de maio de 2011


para os suicidas
um balão de ensaio
uma torre de papel
para os poetas
uma asa delta
uma torre de Babel
um papagaio colorido
um rodapé da cor do céu

domingo, 15 de maio de 2011


todos choramos
à caminho de Guantánamo
em Cuba
em direção a Abu Graib
no Iraque
choramos todos
em nome da vida
contra o invasor suicida
contra a opressão do mais forte
mesmo fora do alcance de suas balas
das mãos que dobram os corpos
a alma da pátria sem defesa
choramos e resistimos
com palavras luminosas
pelos que sem destino
caminham para a morte
ou no percurso
se perdem de si mesmos
pelos cegos que obedecem
pelos escravos que servem
pelos sábios que se calam
pelos que se vendem
pelos omissos que seguem
a multidão sem honra
pelos que ateiam fogo
em sua consciência
pelos párias de todos os quadrantes
calvários e hemisférios
lutamos e em nome da paz choramos

quinta-feira, 12 de maio de 2011


nada de novo
sobre a face da terra
desde o início do mundo
o sol absoluto reina
o homem vaga a esmo
erra pelo planeta
em busca de um deus de pedra
cai no abismo da palavra viva
perde-se de si mesmo
vocabulário andarilho
sem som
sem luz ou peso
o poema do futuro se insinua
da palavra nua
no quaro de despejo
contra a vontade do signo
o desejo da milícia
das interfase da lua
a contra-gosto da família
e tudo se reinicia

do ovo da serpente
não nasce o gênio
nem gente
o computador computa
não engendra o sentido
não inventa
não perdoa nem redime
de quem a culpa
se culpado existe
se a voz inculta
impõe o rito
engole o poeta
se a poesia forja o enigma de cada dia
sempre vence a gula da mídia

quarta-feira, 4 de maio de 2011





barco instável
sobre mar revolto
o poema se move
solto no tempo
sem trajeto óbvio
ao sabor do vento
foge à luz dos olhos
som e movimento
a palavra foge

o poema insiste instala
morre remorre nasce
ressurge a cada instante se forma

terça-feira, 3 de maio de 2011


a morte
canto e prenuncio
a branca solidão
o fim da palavra mórbida
vida sem saída
poema sem solução