sábado, 31 de dezembro de 2011


a Baal deus da pedra negra
ofereço este altar de palavras
ofereço o sacrifico da pedra
que da montanha sagrada
cai a cada manhã

ofereço
o que pelo fogo se purifica
a alma da pedra no forno
o coração do povo
de voz contrita se humilha

cubro de cal a cidade proibida

sábado, 24 de dezembro de 2011


Desejos

para o Natal
imaginei um poeminha
nada coloquial
nada de Herodes
de deserto
de fuga para o Shopping
de excursão para o Egito

nada de estrela do oriente
do ocidente
da TV decadente

mão quero reis
nem Magos nem gordos
pouparia a vida dos porcos
dos chesters e dos perus
quero uma ceia frugal ao ar livre
uma banquete universal
com vinho e frutas exóticas para todos

quero água potável
não preciso de neve
nem de papel Noel
quero um céu saudável
povoado de pássaros de rara plumagem
sem buraco negro ou camada de ozônio

gostaria que a rena e u burrinho
descansassem em campo fértil e floridas
nada de entregas à domicílio
nada de turismo interplanetário
de viagens às escondidas

a pobreza é igual e triste
em toda a parte
seja no Brasil
no Equador ou no Senegal
no Timor Leste ou no Haiti

no Natal
quero muitas árvores na
Amazônia
muitas luzes nas ruas das metrópoles
na periferia do planeta

quero água potável
menos poluição nos oceanos
menos violência contra as baleias
do homem contra si mesmo
mais cuidado no trânsito
no trato da coisa pública
menos tráfico de drogas e de influência
menos abuso de nossa paciência
de cidadãos
mais clemência para os fracos
os velhos e doentes
mais rigor na aplicação das leis
contra os ladrões e expoiadores
menos corrupção nos tribunais
nas palácios e nas mansões

não será preciso presépio
nem estrebaria
nem galo eletrônico
nem estrela virtual
porque ninguém há de nascer
fora do tempo
fora das maternidades
entre lençóis limpos e
sorrisos cordiais

quero um link para a paz
um kit de sobrevivência
embrulhado para presente
com felicidade e sossego
solidariedade
amizade e confiança

um frasco de amor
sensível
sensual e perfumado
me parece indispensável
para alegrar os dias
que nos habitam de tédio e incertezas
de indiferença e medo

o que mais gostaria no Natal
mais que um anel de brilhante
que o amor fatal da mulher invisível
um carro veloz e alucinante
que um DVD erótico
um Cd dançante
é poder viver e morrer em paz
aqui mesmo onde moro e não demorarei
porque breve é a vida
e leve é a morte dos homens
longe ou perto de Deus
seja em Belém do Pará
em Bagdá
em Roma ou em Belo Horizonte

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011


estou diante de teus olhos
e não me vês
escondo-me atrás das palavras
entre elas me ofereço
entrelaço signos e sentidos
teço cada manhã com fios indecisos
raios luminosos me cegam
sou mais apto para o vôo que a borboleta
mais sutil que a beija-flor
adoro sapos em dia de chuva
na penumbra da janela
coaxos encharcados de sinfonia
me remetem ao relento onde a vida me procura
o discurso dos grilos me ensinam
poesia é verso livre de literatura