
copa do mundo
o mundo todo doido
de olho em Jabulani
veloz mais que um gato siamês 
sem voz
lua de lã
lúdico animal feroz
anjo de couro cru
monstro de pano
redondo jabuti na lama
a bola rola 
a gorduchinha da vez
corre para
sobe desce 
bate rebate rebola rebumba
balança a bunda do atleta 
escapa impune
no balé dos astros e dos deuses
dribla o bobo da corte
engana o zagueiro 
o goleiro engole o gol em seco
o grito da torcida aflita retumba
o choro dos humilhados 
dos  desde e para sempre
perdedores
inunda o estádio 
cheio de falsas esperanças
elefante branco na clareira 
da floreta nua
Jabulani se mistura
a tudo que é gente e bicho 
a tudo que é lixo e luxo
no fundo da rede
presa feito peixe fica
o coração disparado
se ilude
o mundo todo de pé
de joelhos 
se benze
reza
faz feitiço
comunga pão no circo
no parque de diversões
no decurso dos políticos no palanque
faz  tremer o altar de afrodite 
no mágico ritual das coisas surdas
Jabulani ri 
ao som ensurdecedor
das vovuzelas 
mais alto que as estrelas
que as cornetas do juízo final