sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


que tal
um poeminha descartável
para seu Natal
sem sentimento real
sem pensamento
porque pensar
no final do ano
faz mal para o estômago
não é saudável
que tal
um poemiha normal
com amor bem comportado
e agenda sexual
um poeminha
nada sentimental
com casa e jardim
café da manhã e jornal
um empreguinho óbvio
um automóvel invejável
uma esposa elegane
um gorda conta bancária
uma passagem de avião

um poeminha idiota
com botas na janela
com árvore de metal
com bolas coloridas
falsos frutos de vidro
que tal
um poeminha beleza
com mesa farta
taças de cristal
com vinho importado
castanha do pará
peito de peru e pernil
e sonhos defumados
que tal
um poeminha caótico
católico por convicção
hipócrita e fundamental
que tal
um poeminha erótico
com alta titulação
com rara erudição
com baixa radiatividade
com motivo oriental

que tal
um poeminha burocrático
democrático
simpático
sem preconceito
sem poluição


um poeminha frugal
para um Brasil desigual
para sua vidinha banal
para sua vizinha animal
para o moleque do sinal
para o gestor universal

que tal
um cartãozinho indecente
simplesmente.com.
Feiz Natal

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