segunda-feira, 6 de junho de 2011


assim teria falado Górgias
o grego
em tempos atuais
aos dele sob mu itos aspectos
tão semelhantes :

jamais levantam os olhos para o alto
sempre enfiam a cabeça na terra
bestas de pastagens
vangloriam de sua própria insensatez
roçam a língua na grama áspera e seca
comem sem fome
bebem sem sede
gozam sem prazer
esgotam as amenas veredas
e pastagens
em vertigens de ira
lutam uns contra os outros
com unicórneos eletrônicos
títulos honoríficos
e cascos de ferro

a seus olhos vazados pela ganância
seus semblantes são terríveis e amargos
nunca se interrogam
nunca perguntam
nunca sorriem
nunca perdoam
nunca desistem de suas presas

roubam em plena luz do dia
o verdadeiro tesouro
da alegria e da amizade
beijam as faces de Judas
bajulam
rejubilam entre si
com o sofrimento alheio

elegem como inimigos
os espíritos verdadeiros
os manos de coração

matam uns aos outros
por alguns vinténs
falsos dólares furados

tudo aceitam
sem culpa nem piedade
são insensíveis seus sentidos
insaciáveis seus desejos

freqüentam
por isso brindam nos banquetes
transformam a vida em permanente festim
a morte ronda suas cabeças de mármore
cobertas com flores de flandres

adoram adornam a si mesmos
com fitas de cetim
jamais elevam sua alma de pedra
acima das montanhas
jamais olham para o alto

assim falaria
Górgias
em seu nome pronuncio

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