segunda-feira, 3 de outubro de 2011



aqui estou
a meio caminho de pedra
fujo do medo de me fugir
da perda de mim mesmo
do rugir da fera na sala iluminada
aqui estou sem fingir
de poeta fingidor
sem apalavras de água
que me cerquem
me lavem e me saciem
aqui estou sem mágoa
em meu exílio voluntário
fora do calendário oficial
do dicionário honorífico
do vendaval de glorias e medalhas
aqui onde sou apenas bruma
na manha de chuva
sem história sem relevo
apesar da geografia montanhosa
vivo sem tempo e sem aurora
porque assim é este tempo
sem memória sem aura e sentimento

Um comentário:

Camila Paula disse...

É preciso nos exilar um pouco de nós mesmos para que possamos encontrar sentido e sentimento em nossas vidas. Bela reflexão e belos poemas! Gostei do seu espaço. Te seguindo. Ótima semana.

Abç da Macabéa de la Mancha