quarta-feira, 25 de maio de 2011


você quer paz
eu brigo
você me vê
nanico
se você passa
não ligo
se você for
eu fico
eu não sou você
eu lírico

segunda-feira, 23 de maio de 2011

a morte não descansa aos domingos
madruga seu perfil de pedra
afia suas ferramentas
trabalha duro durante a missa
celebra ocultos rituais e predições
dorme depois do almoço
vai ao estádio
não torce pelo mais fraco
não se consente em reflexões
no parque municipal
visita os doentes
penitenciárias e hospícios
vê programas de entretenimento
de gosto duvidoso
engorda seu instinto no sofá da sala
ronca bizarras sonatas
sonha com exóticas paisaqgens
não dirige mais devagar
não se comove com a música
com a miséria
com a indiferença da raça humana
dos condenados a prisão perpétua

aos domingos a morte veste sua roupa de gala
percorre invisível seus caminhos prediletos
olha com desdém os homens nos bares
as mulheres na janela
não repara nas crianças entretidas
com seus brinquedos eletrônicos
nos jovens de sonhos videogames de si mesmos
almoça em silêncio
alheia aos desmando políticos
à às ocorrências policiais
aos eventos familiares

a morte segue à risca
sua agenda de lutos
perpetra crimes hediondos
sempre escapa às condenações
não luta contra as feridas do mundo
não tira férias
licença maternidade
não se aposenta
sente -se feliz
exerce com prazer seu ofício
com absoluta eficiência
é democrática e triste por natureza

a morte não descansa aos domingos
a morte não descansa aos domingos
madruga seu perfil de pedra
afia suas ferramentas
trabalha duro durante a missa
celebra ocultos rituais e predições
dorme depois do almoço
vai ao estádio
não torce pelo mais fraco
não se consente em reflexões
no parque municipal
visita os doentes
penitenciárias e hospícios
vê programas de entretenimento
de gosto duvidoso
engorda seu instinto no sofá da sala
ronca bizarras sonatas
sonha com exóticas paisaqgens
não dirige mais devagar
não se comove com a música
com a miséria
com a indiferença da raça humana
dos condenados a prisão perpétua

aos domingos a morte veste sua roupa de gala
percorre invisível seus caminhos prediletos
olha com desdém os homens nos bares
as mulheres na janela
não repara nas crianças entretidas
com seus brinquedos eletrônicos
nos jovens de sonhos videogames de si mesmos
almoça em silêncio
alheia aos desmando políticos
à às ocorrências policiais
aos eventos familiares

a morte segue à risca
sua agenda de lutos
perpetra crimes hediondos
sempre escapa às condenações
não luta contra as feridas do mundo
não tira férias
licença maternidade
não se aposenta
sente -se feliz
exerce com prazer seu ofício
com absoluta eficiência
é democrática e triste por natureza

a morte não descansa aos domingos

domingo, 22 de maio de 2011


para os suicidas
um balão de ensaio
uma torre de papel
para os poetas
uma asa delta
uma torre de Babel
um papagaio colorido
um rodapé da cor do céu

domingo, 15 de maio de 2011


todos choramos
à caminho de Guantánamo
em Cuba
em direção a Abu Graib
no Iraque
choramos todos
em nome da vida
contra o invasor suicida
contra a opressão do mais forte
mesmo fora do alcance de suas balas
das mãos que dobram os corpos
a alma da pátria sem defesa
choramos e resistimos
com palavras luminosas
pelos que sem destino
caminham para a morte
ou no percurso
se perdem de si mesmos
pelos cegos que obedecem
pelos escravos que servem
pelos sábios que se calam
pelos que se vendem
pelos omissos que seguem
a multidão sem honra
pelos que ateiam fogo
em sua consciência
pelos párias de todos os quadrantes
calvários e hemisférios
lutamos e em nome da paz choramos

quinta-feira, 12 de maio de 2011


nada de novo
sobre a face da terra
desde o início do mundo
o sol absoluto reina
o homem vaga a esmo
erra pelo planeta
em busca de um deus de pedra
cai no abismo da palavra viva
perde-se de si mesmo
vocabulário andarilho
sem som
sem luz ou peso
o poema do futuro se insinua
da palavra nua
no quaro de despejo
contra a vontade do signo
o desejo da milícia
das interfase da lua
a contra-gosto da família
e tudo se reinicia

do ovo da serpente
não nasce o gênio
nem gente
o computador computa
não engendra o sentido
não inventa
não perdoa nem redime
de quem a culpa
se culpado existe
se a voz inculta
impõe o rito
engole o poeta
se a poesia forja o enigma de cada dia
sempre vence a gula da mídia

quarta-feira, 4 de maio de 2011





barco instável
sobre mar revolto
o poema se move
solto no tempo
sem trajeto óbvio
ao sabor do vento
foge à luz dos olhos
som e movimento
a palavra foge

o poema insiste instala
morre remorre nasce
ressurge a cada instante se forma

terça-feira, 3 de maio de 2011


a morte
canto e prenuncio
a branca solidão
o fim da palavra mórbida
vida sem saída
poema sem solução

sábado, 30 de abril de 2011


o céu de abril é azul
sem nuvens
navios de mesmo tom
movem em silêncio
atravessam o mar
de montanhas comidas pelo tempo
pelo vento da manhã
pelos dentes da máquina sem alma

um bando de pombos brancos
rondam seus mastros decadentes
entre o pânico das gaivotas imaginárias

o céu de abril tinge meus olhos em ruínas

terça-feira, 26 de abril de 2011


o que sabes de ti
do que vive ao teu redor
o que sabes da água
da pedra
do peixe que mora
entre a pedra e a água
o que sabes de teu mundo interior
dos que te ensinam
questionam
e te completam

o que sabes da vida
da dor alheia
além de tua ilha
da morte do boi no açougue
da fome da matilha
do que no escuro da manhã
campeia à beira de tua porta
e te humilha

menos ainda saberás do amor
se contra todas as circunstâncias
não fores capaz de amar

segunda-feira, 18 de abril de 2011


o que perturba no amor
não é amor
é dele nada sabermos
porque o verdadeiro amor
não exige provas
nem provocações
não exige fé do coração incompleto
amor que verdadeiramente ama
escapa ao toque dos dedos
ao sabor dos lábios
às lágrimas
aos vários subterfúgios do corpo

as perturbações do amor
nem sempre cegam
podem abrir caminhos invisíveis
no úmido areal da carne
acender estrelas na solidão da noite

não te perturbes tanto
quando o amor chegar

porque desejas a morte
quando as coisas não vão bem para ti
e a vida te parece pesada
mais que um rochedo preso
no fundo do mar
porque foges dela
como o diabo foge da cruz
se estás feliz em tua inconsciência
deixa que a vida se cumpra
em alternâncias de alegria
e de tristezas
não apresse o barco
da indesejada das gentes
não demora muito e não mais verás
a lua branca
na tardes luminosas
porque tudo é tão breve
que nada me parece urgente

não apresses o barco de tua existên

domingo, 17 de abril de 2011


vive conforme aquilo que ensinas
conforme a escrita de tua vida
ignora os que te julgam míope
ou sonhador
os que sob o manto das instituições
sob diplomas clonados na internet
comprados a peso de outro
escondem a ignorância e a covardia
ou em nome de um Deus inócuo
insinuam tua interdição
a ironia nem sempre nasce
do saber autêntico
escreve segundo o ritmo da vida
o poema necessário
não te humilha
não odeias
não ofendas
não finjas
tudo o que te acontece move teu aprendizado
viva conforme o que ensinas

sábado, 16 de abril de 2011


não tenhas medo
das coisas que estão por vir
o que sabes do futuro
do que irá te acontecer
daqui a um segundo
da flor que perfuma
teu cofre de segredos

viva o presente com integridade
inteiro no teu sentir
e nada te acontecerá
que não serás capaz de usufruir
ou suportar
seja fortuna merecida
seja a miséria extrema
cujas pontas se tocam
e no tempo se completam

eis a tua felicidade
receber sem anseios
o que em sigilo a vida te oferece

domingo, 13 de fevereiro de 2011


só ha felicidade
na inconsciência diante do mundo
no fluxo natural da e vida
feito rio e vento se deixam levar
feito levam o moinho
pelo movimento natural do tempo
feito o tigre e o porco espinho
busca pela fome o alimento

no mais tudo é ser sozinho

domingo, 6 de fevereiro de 2011


sem a poesia
não haveria nada
caos absoluto
estranha solidão
não haveria luz
nem teagonia
no tempo sem memória
a palavra amor não resistiria
ao vazio cósmico
ao egoísmo dos homens
sem a poesia
seriam absurdos
os dias da criação

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011


na base a pedra
a pedra de toque
o tempo só
metamorfose
de tudo em tudo
verbo de pedra
de água e sol
sem ornamento
sem apanágio
a pedra só sua voz
pelo atrito do vento
se ergue

domingo, 30 de janeiro de 2011


o fulgor da palavra
cega teus sentidos
todo o cuidado é pouco
não há lucidez no entusiasmo
no ritmo asmático do poema
no coração ferido

deia que o difícil rigor
do ofício
seja teu ânimo e teu limite

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011


letra a letra
o poema do futuro
ao fluxo da leitura
se oferece
mal você se curva
sobre a palavra
nuvem
o poema desaparece

o mundo muito
eu pouco
o tempo curto
o homem louco
o invento mudo
o novo choco