sábado, 25 de agosto de 2007



na estação da escrita
os palavras são mais tristes
coberto de flores negras
estranhas aranhas autofágicas e hirtas
inesgotáveis intangíveis combinações

tudo se perde
na poemação do tempo
a policromia das formas
a polifonia das cores
a sinfonia dos sentidos
tudo
de nada adiantaria acrescentar som na planície branca
tons de azul torquês
algum verde-escuro
nada mais se pode acrescentar a beleza mundo

nem mesmo o vermelho mais nobre ou o amarelo berrante
nada anima o coração das letras esmaecidas
enfileiradas
no campo geométrico
no pensamento minado e estático
há mais de meio século
vejo a primavera
a filha única de setembro
ir e vir
feito a esfera do sol
feito um relógio de pedra
se move
em torno de seu eixo
com sua estética surda e persistentre

o séqüito de formigas se sucede
em laboriosas
perversas
devotas procissões de falsas festas e desejos

se bem me lembro
mal finda o mês de agosto
e tudo recomeça

ai! que saudades não tenho de meus dezoito mil anos

nem pressa