terça-feira, 14 de agosto de 2007
o poeta desvenda o mundo
não há poesia na miséria
ma matéria bruta do universo
em seus perversos derivados
não é relativa a poesia
nem absolutaa
poesia é radioativa e inútil
viva fruta
vinha envenenada
onde não vai a nave louca
o navio o avião
o poema pousa na boca suave aterrissagem
sem motivo sem razão
vai mais que o pensamento
além do movimento lentode um trem de carga
esbaforido e barulhento
vai além do ar rarefeito
do artefardo de pedra
do que no ventre
no estômago
no peito se imagem lerda pesa
mergulha fundo a poesia no vazio das coisas
de tudo encharca os olhos
de sonhos
de objetos mortos
some no mais diverso do maior abismo
insinua de nudez amável por desvios proibidosr
evela a dor as dúvidas do homem
vai sempre por onde o ser humano for
zomba da água
do fogo
do vidro
do rigor da lógica
do fulgor da ótica
do vigor do orbe
do jogo da música
do visto em sombras
da hecatombe semiótica
não é animal de estimaçao
não é natural
feito a maçã sobre a mesa
não é neutra
transparente
doce ou azeda
obsessiva semente
não se observa no varal das nuvens
nem se experimenta se induz nem se deduz impune a poesia
não há ciência na poesia
mais que a bovina
impaciente siderurgia
pasta
come
rumina o verbo
recria
de nada sabe da permanência
de certo de nada adiantaria o finito ou eterno verso
não é clara nem vidente
não é mansa nem valente
nem artigo de luxo
nem conveniente
a poesia resiste simplesmente
entre o céu e a terra
entre o cérebro e o bruxo
entre o reto e o translúcido
simplesmente existe
o poema se rebela de poesia se tece
com o mundo não se confunde
quando ao poeta atentoà vida breve se entrega
e o mundo em transe assim consente
o poeta desvenda o mundo