“...são elas mesmo, talvez, a causa de todos os meus sofrimentos.” Thomas Man in Desilusão
não cultive grandes palavras
nem para o bem
nem para o mal
a retórica gloriosa
guarde-a para a metáfora dos mortos
para o frio memorial dos imortais
prefira a desordem do discurso fluvial
à ordem absoluta do que não canta
o triste
o trivial
não tenha medo do silêncio
paisagem serena e reflorida
na solidão dos lugares mais distantes
cresce o signo original
sem montanhas
sem horizonte
sem nenhum ritual além de seu sentido básico
seja consigo mesmo
o que sem letras se mostra
não tentes
não provoques
não resista ao fluxo do tempo inexorável
quanto ao resto
deixe o resto pra o restante
das criaturas sem alma
jamais escreva por divertimento ou lazer
senão pelo prazer dos olhos
pela vibração dos nervos
por pura necessidade do espírito
elimine a lacuna que insiste
entre vocabulário e coração
esta será a escrita de seus sentidos
não busque nas letras a felicidade
nem a verdade em sua herança literária
nada espere delas
é nas palavras ásperas e belas
onde a mais pungente desilusão habita
não grite
não lamente
não se deixe levar palas aparências
nem do mundo nem dos homens
continue em silêncio
seu ofício sem glorias
em nome dos que iniciaram
essa maldita e primitiva
a infinita solidão da escrita
não cultive grandes palavras
não cultive grandes palavras
nem para o bem
nem para o mal
a retórica gloriosa
guarde-a para a metáfora dos mortos
para o frio memorial dos imortais
prefira a desordem do discurso fluvial
à ordem absoluta do que não canta
o triste
o trivial
não tenha medo do silêncio
paisagem serena e reflorida
na solidão dos lugares mais distantes
cresce o signo original
sem montanhas
sem horizonte
sem nenhum ritual além de seu sentido básico
seja consigo mesmo
o que sem letras se mostra
não tentes
não provoques
não resista ao fluxo do tempo inexorável
quanto ao resto
deixe o resto pra o restante
das criaturas sem alma
jamais escreva por divertimento ou lazer
senão pelo prazer dos olhos
pela vibração dos nervos
por pura necessidade do espírito
elimine a lacuna que insiste
entre vocabulário e coração
esta será a escrita de seus sentidos
não busque nas letras a felicidade
nem a verdade em sua herança literária
nada espere delas
é nas palavras ásperas e belas
onde a mais pungente desilusão habita
não grite
não lamente
não se deixe levar palas aparências
nem do mundo nem dos homens
continue em silêncio
seu ofício sem glorias
em nome dos que iniciaram
essa maldita e primitiva
a infinita solidão da escrita
não cultive grandes palavras