terça-feira, 18 de novembro de 2008


Cena 5 – O Sol quente do Norte de Minas invade o palco. Bilora toca seu “Calango na Cidade”. Esta música lhe valeu 30 prêmios em festivais da canção, realizados em diversas regiões do país.” Esta composição, segundo Bilora, representa um dos melhores momentos de meu trabalho musical”. Interpreta também “Toada do Amor”, de sua autoria.
Bilora nasceu na beira do Córrego do Norte, Vale do Mucuri, município de Santa Helena de Minas. Cresceu em contato com a cultura popular. Ouviu batuque e folia. Recebeu influência do universo caipira pelo rádio. Com estes elementos que foram zelosamente cultivados vem tecendo a história de sua vida artística.


Cena 6 – Um poeta sofre em solidão suas dores de vida e de morte. Agoniado pede um amigo violeiro para cantar uma moda de viola que possa aliviar a dor que arde no peito. Mas que moda seria esta capaz de aplacar esse mal sucedido? Seria uma moda de viola bem caipira? Seria uma moda que brota de dentro da alma? Nesse caso o remédio foi “Moda de violeiro”,uma pungente evocação de um profundo sentimento. Ornelas é cantador de paisagens sertânicas e ressonâncias renascentistas. De voz sincera e alma desprendida, mas comprometido com a historia de sua gente. Nesta mesma cena, Ornelas canta a saudade de um amor de longe, na cantiga “Coqueiro vai”, um canto de tradição popular e recolhido em versos por Guimarães Rosa e adaptado por Josino Medina.


Fim- Ouvir uma boa música de viola exige, em alguns momentos, concentração e disposição de espírito. Só assim o espectador pode empreender viagens sonoras e rítmicas. Descobrir e usufruir novos universos. Distantes e distintos. É que a viola caipira, de dez cordas, possui magia própria. Eleva o espírito. Amplia a percepção. Educa a sensibilidade. Aprimora o gosto. Não importa se fala de temas comuns e cotidianos. Se fala do amor, da vida na roça, da natureza, ou se conta uma história acontecida ou inventada. Quando cultivada com maestria e sinceridade, a viola sempre toca o coração e a mente das pessoas. Vivaviola. Seis imagens sonoras. Viva os violeiros de Minas. São cenas. Cenários. São sons. Só sombras são.