quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Reflexão
há mais de dois mil anos
o Natal se repete
repleto de luzes e enganos
a mesma cena diária
a mesma fila de indigntes
a mesma festa literária
dita de modos diferentes
debaixo de árvores coloridas
repousam gordos mendigos
objetos de vidro
amigos incultos
inimigos declarados
senhores falidos
senhoras faladas
mulheres de luto
cauxas e latas
anjos de pelúcia
filhos descontentes
sonhos perdidos
livros não lidos
fotos indecentes
o planeta ferido
animais doentes
ovelhas e burros
lobos e serpentes
os dias se evaporam
vazios
mortos
violentos
tudo em tudo se reflete
tudo se embrulha
de confeitos e confetes
a estampa de luxo
o estampido do buxo
o burrinho de argila
o menino Jesus
seu pai velhinho
sua mãe tranqüila
com o mesmo papel de presente
um moleque de rua nasce a meia noite
sob o acoite do pai
encharcado de aguardente
sob os olhos da estrela guia
o galo eletrônico
entoa hinos natalinos
com rock sinos pagodes e axés
a chuva cai impenitente
Deus chora
o sino toca
o carro passa
o boi passa
o tempo avisa
o trenó voa
a sirene apita
todo ano se repete o sacrifico divino
indefinidamente
a vida inútil nuvem
cego ritual de sempre
segue seu calendário urgente
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