domingo, 23 de setembro de 2007



a morte dança
ri e bamboleia
estala estica e se insinua
ao ritmo do vento estéril
estaca
de repente surge cega
sobe silva suga e saboreia
lambe a lua de memória
a ramagem seca
lima a limalha de sangue
avança
nua e crua
se eleva acima da cabeça da urbe
da montanha de ferro
mais que a turba rude
gargalha range e ruge
reina absoluta em luz
arranca da ferrugem a fuligem
a fogueira do abutre
o que resta do inferno
da oficina do lucro
entra de súbito
assalta a janela dos escritórios
as casas
os bares
os bancos
os edifícios públicos
as ruas
os oratórios
nos ônibus
os carros
os sanatórios
parques e viadutos
na fera engrenagem do mundo
a morte triste e bela
mira fere de fogo
a paisagem dos olhos

o mirante se humilha
em delirante ladainha
ante a beleza do fogo
a Igreja São José
treme
da cabeça aos pés
sob a ruína do Fogo
a Praça da Liberdade
chora
sob o rumor do fogo
a Savassi linda e sedutora
geme
sob o rubor do fogo
a Avenida Afonso Pena
pára
sob o aviso do fogo