domingo, 23 de setembro de 2007


no vazio da ravina
a morte cega
avança dança devaneia
desafia
desatina
não se troca
não se vende
não se entrega
de mãos beijadas
ao delírio da renda
não se morre nunca a morte
sobre o todo predomina
ao ritmo do vento
ao inchaço do ventre
ao riso do povo
por fora por dentro
do invólucro da fala
da casca do novo
no campo na cama
no sossego do jazigo
mais que vulcão andante
mais que perigo e gozo
a morte reina
definitiva amante
só não se ri
de si
acima da cabeça da cidade
efervescente e triste
proclama
interroga
a impune
misteriosa assassina

e agora Drummond
e agora Carlos
e agora José
e agora amor
e agora todos
todos os rostos e nomes
de ruas e praças
de santos anônimos
de falsários e heróis
de manicômios e presídios
de palácios
museus e monumentos