segunda-feira, 10 de setembro de 2007


os homens estão dormindo
de um sono confortável e triste
mesmo depois do sol desperto
queimar de fulgor a cortina do quarto
suas fatigadas retinas

mesmo quando dirigem
seus automóveis velozes
e automaticamente buzinam
estão dormindo

um cão sem dono
permanece esticado no asfalto
um mendigo vasculha ao lata de lixo
a caixa vazia de sonhos
um leiteiro anacrônico
anuncia o branco da manhã

a oficina enfurecida
se agita
grita
se irrita
a cidade acorda
sem dúvida dividida

sob o invisível signo de som
da anti-sinfonia eletrônica


à vida à venda a preço de banana
a morte em suaves prestações

meninas feito bonecas
se oferecem na vitrine das esquinas

o supremo enigma continua vivo
ninguém decifra

os homens estão dormindo