quinta-feira, 27 de novembro de 2008



Vivi entre homens/
que não me viram, não me ouviram/
Nem me consolaram”.
Murilo Mendes



atravesso em pânico
a multidão fantasma
como se de espelhos e miasmas
me multiplicasse em olhos
lábios e bocas
bundas e pernas
ruínas de palavras
roucas e lerdas
em ruas e becos da cidade eleita
me transfaço o feito
o por fazer desfaço
em mil faces neutras
entre fragmentos anônimos falsos sentimentos
a vida segue pela rua estreita
impossíel ver
impossível ouvir
impossível gesto
perpétuo movimento
no espaço opaco
em pânico passo a limpo
o tempo
imerso rumor do vento
meu sonho panorâmico
de fibra ótica e acrílico
de cismas e de cimento
de tudo após
sobre meu peito pesa