terça-feira, 23 de dezembro de 2008
reflexão
há mais de dois mil anos
o Natal se repete
repleto de luzes e enganos
a mesma cena diária
a mesma festa literária
dita de modos diferentes
debaixo de árvores coloridas
repousam mendigos
objetos de vidro
senhores falidos
mulheres de luto
anjos de pelúcia
filhos descontentes
sonhos perdidos
livros não lidos
o planeta ferido
animais doentes
os dias se evaporam
vazios
mortos
violentos
tudo em tudo se reflete
tudo se embrulha
a estampa de luxo
o estômago o buxo
o burrinho de argila
o menino Jesus
seu pai velhinho
sua mãe tranqüila
com o mesmo papel de presente
um moleque de rua nasce a meia noite
sob o acoite do pai
sob os olhos da estrela guia
o galo eletrônico entoa hinos natalinos
a chuva cai
Deus chora
o sino toca
o boi passa
o tempo avisa
o trenó voa
a sirene apita
a vida inútil
cego ritual de sempre
segue seu calendário urgente