
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
domingo, 26 de setembro de 2010

esses poetas
o poeta global se gaba
na internet
da patota virtual
mete o pau no poeta federal
o poeta federal
bebe o sangue do poeta estadual
o poeta estadual
come os olhos do poeta municipal
o poeta municipal
sonha um pedaço de fama
por um segundo que seja
no maior jornal da província
no mais conservador de sempre
todos comem e bebem da mesma desilusão verbal
da impossibilidade poética
de se dizer a vida
como a vida não é
palavras não são servas
não se servem à milanesa
em mesa de bar de grife
ou de boteco sem pedigree
poesia não tem fronteira
nem eira nem beira
não cheira à flor burguesa
não termina na porteira do curral
no adro da igrejinha
na nave da catedral
um poeta não cheira o outro
nem se cachorro se faz
por qualquer ninharia
em nome da paz
da morte da ideologia
seja do que for
por mais que sofra
o poeta é cego
apalpando as coisas
de um mundo caduco
o sulco sem serventia
das letras todos os dias
segue sozinho
mordendo o vento
uivindo
uivendo a noite passar
como passam todas as coisas findas
as que nunca ficarão
se o verso não for sincero
asa sonora fincada no chão
sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Comentários Blog vialaxia
Caros amigos, sou péssimo em manter correspondências em dia e, sobretudo, em atualizar este Blog , seja pro preguiça, falta de tempo ou incapacidade técnica RSS mas ficarei feliz se vocês ( e outros visitantes/leitores. caso existam) continuarem acessando e me retornando . Para quem escreve, isto e fundamental..mas o mais importante mesmo PE que minha escrita contribua para a recriação do universo através da reescrita de todos que com ela tiver contato . Obrigado. Com um abraço carinhoso do João Evangelista
Oi, João !!!
Amei seus versos !!! são muito inspirados!!! Parabenss !!!
beijos,
Adriana
Caro amigo Joao,
Muito bom seu blog, como já conheço o sua esperteza poéticaica, serei modesto em elogiá-lo.Acredito que seu canto e sua prosa, embora erudita e ao mesmo tempo singela ( via-satélite) , transporá as montanhas destas minas, em gerais.
TL
João, obrigado por seu belo complemento poético ao meu artigo "O problema de ler poesia". Parabens também pelo seu blog e por seus textos.
Aproveito para dizer que publico colunas nos sites acontecendoaqui.com.br e cronopios.com.br
Um abraço. Seguimos em contato.
Sérgio Calderaro
Cacá has left a new comment on your post "pelo poema o poeta se erige e se sustenta escultu...":
João, se você ainda se lembra de mim, sou o Antônio Carlos, o Cacá, aquele que foi mensageiro na Comunicação da MinasCaixa. Outro dia procurei por você na Internet, depois de encontrar com Rubinho,e achei seu blog. Seus poemas continuam ótimos, sua atuação em favor da cultura também. Um abraço.
has left a new comment on your post " sempre viva sempre a amável artesania das mãos o...":
Sempre viva vivas, tanto as fotos quanto o poema.
Bjs, amigo!
htm consuelo abreu has left a new comment on your post " sempre viva sempre a amável artesania das mãos o...":
lCristiane Duarte has left a new comment on your post " No Dia Internacional da Mulher....resolvi brincar...":
Olá¡ João! Pois é, acompanho o seu blog a algum bom tempo. E vejo muita força e criatividade em seus poemas. Tenho um blog também e amo escrever. Adorei esta foto!!! éns por sua arte!
efault.htm Gustavo Guimarães has left a new comment on your post " nada aprendemos com a morte dos inimigos morrem ...":
Grande João! Parabéns pelo blog! Viva a poesia, viva o poeta!
ISABEL HORTA has left a new comment on your post " Mimas submissa mí stica alegoria se ourifica em br...":
João:
Você ouviu com Drummond o bruxismo nas asas das palavras...
Gostei do encontro de vocês... Abraaços, Bel..
sob suspeita
o poeta escreve
a meia noite
a meia luz
ignora a lei do silêncio
a liturgia da lei...
escuta o som da palavra acesa
escapa pelo ferrolho da literatura
efault.htm Janice Sanna has left a new comment on your post " Um Pote para matar a sede de quem gosta da boa mú...":
Reflexão poética
Vedes os arcos da música?
Vossos prováveis acertos
residem em terra firme.
Façais da paixão, liberdade,
em afino com aquela garça no céu.
As lágrimas não correm mais
que vossos gestos de flor,
em flor...
Vesti o couro, sem sangue.
Servistes-vos de oliva madura
em montes férteis,
no caminho á¡rdo que ficou.
Sentis a onda do rio
que trilha o canto, nos dedos?
Não temais erro!
O tempo paira onde resiste a emoção.
Os versos incertos do amor mundano
são sementes frescas para vosso servo que cultiva frutos, no desassossego.
Vedes a doçura do som?
São vossos olhos sobre o sol,
estalos de fogo que cuida,
em noite sem lua.
Vossos bendizentes anjos
São ávidos de cores,
tais quais, infinitas
nas margens da vida.
Vagueai, com força, nos pés,
ao prelúdio dos ventos,
Como os lobos azuis
uivam vossos sonhos
de menino.
Não permitais o frio!
Vedes o diálogo longínquo
dos peixes com vosso oriente?
São a estação que buscais,
em acordes de ar
e melodia. (Janice Pires-2008)
efault.htm Livia has left a new comment on your post " Haiti só quem viu poderá nos dizer quanta dor qu...":
seu trabalho é lindo... Mas passei aqui porque uma vez fiz uma musica com um poema seu (Transversias). Meu nome é Livia Oliveira, Moro na cidade de Confins, trabalha com musica e agora vou estudar no Palácio das artes. Morávamos em Arcos e minha mãe encontrou seu irmão no aeroporto, mas infelizmente perdeu o papel que tinha anotado seu endereço. Espero podermos fazer contato. meu email é livia_itaborahy@hotmail.com
Abraços
ault.htm margaret has left a new comment on your post " crian§a se fores capaz de criançar o vocabulári...":
que lindo vc é demais...amei a foto,ela representa tanto para mim amei o poema.
fault.htm Revista Cidade do Sol has left a new comment on your post " Bate-Pilão celebra a cultura popular Os violeiro...":
Oi, João, tudo bem? Vou fazer um post sobre sua oficina aqui no festival. Vai lá¡ dar uma olhada.
Abraços do Lúcio Jr.
efault.htm Revista Cidade do Sol has left a new comment on your post " culinária o frango a molho pardo o feijão trope...":
Oi, joão.
Reproduzi esse poema no meu blog.
Dá um pulo lá¡. Já divulguei seu blog no meu outro blog, o Penetralia, onde aparecem o Gerald Thomas e o John Hemingway: www.penetralia-penetralia.blogspot.com
Vc falou sobre o Anelito na palestra: eu acho ele um péssimo crí tico, uma merda mesmo. E agora ele é doutor na USP.
Eu me arrependo amargamente não ter feito aquele prefá¡cio para vc. O Anelito te chamou até de poeta de falação e vc aceitou como posfá¡cio...
Tem sempre alunos precisando de temas para monografia que me procuram, uma hora vou escolher seus textos e te mando o projeto, ok?
Mas me fale do lançamento do Visões de João Manoel, que eu quero ir.
Abraços do Lúcio.
fault.htm Sônia (anja) has left a new comment on your post " Um Pote para matar a sede de quem gosta da boa mú...":
Oi!
Estive aqui lendo e relendo. encantada com tuas palavras.
Encontrei o poema da Mãe >>"De repente encantou"
:)
Tem muito com que me deliciar por aqui.
Sou a Sônia (anja) parceira de Josino Medina.
bjos
Aqui alem do blog anjacaramuja: meu habitat do clube caiubi (tem blog tb)
http://clubecaiubi.ning.com/profile/Anja31
fault.htm Sara Roosevelt has left a new comment on your post " depois da missa no adro da igreja matriz homens ...":
Acabei de ouvir sua palestra(sjdr);
Gostei muito das coisas que falou, vou levar comigo áarias palavras ! :)
"vendem gado
trocam lotes
compram carros
pedem votos
negaceiam ívolos acontecimentos"
È o povo mineiirooo ":)) rsrs ...
terça-feira, 21 de setembro de 2010
sexta-feira, 17 de setembro de 2010


Um Pote para matar a sede de quem
gosta da boa música de viola caipira
A melodia vem do chão, da musicalidade, da poesia. Deste encontro telúrico, nasce o “Pote”, um CD independente e inédito, criado em parceria com violeiros e os cantadores - Pereira da Viola e Wilson Dias - e o poeta e jornalista João Evangelista Rodrigues. Três mineiros de águas fortes e confluentes vindos, respectivamente, dos Vales do Mucuri, do Jequitinhonha e do São Francisco. Três vertentes com raízes comuns no que diz respeito à cultura popular, ao sentimento de religiosidade e às convicções políticas, fundados na amizade e na defesa da cidadania. O show de lançamento do CD “Pote” será dia 14 de outubro, quinta-feira, às 21 horas, no Teatro Sesiminas, em Belo Horizonte.
O CD “Pote” pode ser definido como contemporâneo e primitivo. Rústico e refinado. Feito a mão. Modelado pela sensibilidade da palavra e conduzido pelo fio mágico dos acordes da viola. O “Pote” emerge da imaginação, dá asas ao sentimento, vivifica as coisas e objetos perdidos e/ou esquecidos no sertão. O mesmo infinito e indefinido sertão de João Guimarães Rosa, ao mesmo tempo íntimo, concreto e transcendental. Um sertão que todos somos ainda, apesar das urbanidades e desurbanidades contemporâneas.
Em todas suas dimensões de utensílio, de arte, o pote é sagrado pelos segredos que contém e revela, por suas qualidades pictóricas. Um pote pode servir ainda de sepultura, de túmulo. E isto só aumenta e valoriza seu potencial significativo, sua transcendência. Em nada diminui, portanto, a magia de sua beleza. Quando animado pela poesia e pela música, cria asas, canta e voa feito pássaro entre montanhas mineiramente latinas. No CD, faixas como Sem Desatino, Mulheres de Argila, Sagarana Ana, Pacha Mama, Fim de Tarde, Latina e Tributo, sem nenhum prejuízo crítico para as demais canções que integram o disco, atingem alto grau de expressividade poético-musical. Seja pelo lirismo ou pelo comprometimento com a vida e o desatino do ser humano em um planeta ameaçado.
O CD é uma homenagem à palavra poética pela valorização da letra no processo de composição musical. É também um reconhecimento do trabalho de criação do poeta João Evangelista que, além da música, utiliza de várias linguagens e campos de conhecimento para expressão, como filosofia, jornalismo, literatura e fotografia. Foi a intenção de destacar o papel da letra na construção da canção que orientou todas as etapas de produção do CD, desde a composição, passando pelos arranjos, processo de gravação, interpretação, mixagem e concepção gráfica do encarte. É por isso que, ao manusear e ouvir o CD, pode-se perceber com todos os sentidos a intensidade e o sabor de cada palavra, de cada imagem; sua textura e visualidade. Um verdadeiro cinema sonoro, onde a música feita na viola revela as tonalidades de cada história. A palavra cantada torna-se palavra encantada. Música necessária e mágica, fruto de um encontro espiritual e artístico ente os três compositores. Uma trindade que só vem enriquecer a música feita na viola caipira, em Minas. Por isso mesmo, a viola, cada vez mais valorizada no complexo cenário musical brasileiro da atualidade, ganha uma nova aliada: a poesia, que se mistura de maneira equilibrada e harmônica com o timbre e com a autêntica sonoridade do instrumento. Assim, tanto do ponto de vista temático, quanto musical e poético, pode-se dizer que há uma verdadeira sintonia criativa e estética.
Os Compositores
De certa forma, O Cd “Pote”, o sexto da carreira artística de Pereira da Viola e o quarto da de Wilson Dias, é um desdobramento natural do trabalho que estes violeiros vêm desenvolvendo juntos nos últimos anos. Neste contexto, situam-se os espetáculos “Dois Rios” e “Bate Pilão”, ambos muito bem recebidos pelo público e cuja base do repertório são composições feitas em parceria com João Evangelista. Tanto nestes espetáculos, quanto no Cd “Pote”, os dois amigos violeiros primam pelo domínio na execução do instrumento, pela sensibilidade e força interpretativa em um ambiente de admiração e de respeito mútuo.
Pereira e Wilson participam também do projeto Vivaviola, criado em 2008; juntamente com Bilora, Chico Lobo, Gustavo Guimarães e Joaci Ornelas. O Vivaviola já rendeu um Cd, com o mesmo nome e, este ano, foi escolhido pela Natura Musical para realizar o Roteiro Vivaviola Estrada Real, com apresentações nas cidades de São João Del Rei, Diamantina, Paraty, Ouro Preto e Congonhas.
O poeta João Evangelista Rodrigues é parceiro de Pereira da Viola desde o lançamento do primeiro Cd do compositor, “Terra Boa”, do qual participa com a música Veio Caipira. De lá para cá, os dois artistas vêm trabalhando regularmente, criando canções como Aboiador de Viola, Misturas Mistérios, Violeiro Trovador, Viola in Blues entre outras. A parceria com Wilson Dias é mais recente, mas já rendeu inúmeras composições como as que integram este novo CD e tantas outras músicas, ainda inéditas, com estilos e temas diversificados.
O trabalho de composição de João Evangelista Rodrigues, apesar de discreto, é forte e reconhecido. Teve início nos anos 70, quando se mudou para a Capital Mineira, onde cursava Jornalismo e já atuava como militante político e nos movimentos de cultura popular. Vem dessa época sua primeira música, Sinetes de minas, composta com Cristiano Guedes, o Bain. Depois, fez parcerias com Zé Neto, Rubinho do Vale, Enzo Merino, Paulinho Pedra Azul, Gilvan de Oliveira, Cid Ormelas, Téo Azevedo, Zé Baliza, Carlos Maia, Dadi do Norte, Arlindo Maciel, Nelson Ângelo, Marcos Carvalho. Também é parceiro de Joaci Ornelas, Gustavo Guimarães e Chico Lobo. Hoje, dedica a maior parte de seu tempo à literatura, música e fotografia. Atualmente, coordena o projeto Vivaviola, e está preparando um novo livro de poemas, fotos e prosa poética: “Visões de João Manoel”− diálogo com o poeta Manoel de Barros − projeto aprovado na Lei Estadual de Incentivo, e que deverá ser lançado no início do próximo ano. Como poeta, é autor dos livros “O Avesso da Pedra”, “Mutação dos Barcos”, “A Oeste das Letras” e “Transversias”, além de livretos de cordel e participação em várias antologias impressas e eletrônicas.
A melodia do chão
O CD “Pote” é marcante. Pode ser entendido como uma metáfora da condição do homem no mundo contemporâneo. Uma evocação do ambiente do mineiro a partir de uma visão crítica. Cercado de simbologia, um objeto real e mítico, que reflete a arte, a cultura, os valores, a religiosidade e as contradições da mineiridade. O pote, objeto que deu origem ao nome do CD, guarda a água, símbolo da vida, ecoa a essência, marca o lugar e a passagem para o imaginário. Para um mundo real, a poesia e a música, o sorriso e o diálogo, a prosa e a viola, ainda são possíveis.
As 14 composições do CD são todas assinadas por João Evangelista Rodrigues, autor das letras, e por Pereira da Viola e Wilson Dias, responsáveis pelas melodias e interpretação. Participam da gravação os músicos: Pereira da Viola e Wilson Dias (voz e viola), Pedro Gomes (contrabaixo), André Siqueira (guitarra e violão), Carlinhos Ferreira (Percussão). Tem ainda a participação especial do cantador e compositor Dércio Marques. A arte gráfica é da designer e jornalista Doris Sanabio.
Serviço:
Lançamento do CD “Pote”
Local: Teatro Sesiminas - na Rua Padre Marinho, 60
Bairro Santa Efigênia – Belo Horizonte – MG.
Data: 14 de outubro, quinta-feira.
Horário: 21h00
segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Um passeio pela Estrada Real ao som da nossa viola caipira
O projeto Vivaviola - Sessenta Cordas em Movimento – Turnê Estrada Real, que começou em julho, deste ano, como parte da abertura do 23º Inverno Cultural, promovido pela UFSJ, vem conquistando a simpatia do público receptivo e ávido por músicas de qualidade. Agora é a vez de Ouro Preto e
Congonhas receberem a viola capira e conhecerem o trabalho dos violeiros e cantadores Bilora, Chico Lobo, Gustavo Guimarães, Joaci Ornelas, Pereira da Viola e Wilson Dias, integrantes do Vivaviola.
Além de São João Del Rei , o Vivaviola já se apresentou no 42º Festival de Inverno da UFMG, em Diamantina e no XVlll Festival da Cachaça , Cultura e Sabores de Paraty.
Os dos últimos compromissos do Vivaviola, dentro do Projejto Tounê Estrada Real, patrocinado pela Natura Musical, será em mais duas importantes cidades históricas mineiras:
dia 10 de setembro - 21 horas - Ouro Preto
local: Teatro Municipal (Casa da Ópera). Entrada franca; ingressos devem ser adquiridos na bilheteria do teatro à partir das 20 horas; parceria com a Secretaria de Cultura e Turismo.
O show de encerramento do projeto será no dia 17 de Dezembro, no Cine- Teatro Leon; parceria com a Fumcult.
Após as apresentações, os violeiros vão autografar o CD VivaViola, o primeiro do grupo, que será vendido a R$20,00.
Paisagem sonora
Versátil e diversa em seus estilos e temas, a viola caipira vem ganhando cada vez mais espaço como instrumento de composição e de execução. Ela está presente e atuante nas mais diversas formações, indo desde os grupos instrumentais, como orquestras, passando pelas duplas, Jazz , choro e
instrumento solo. E mais, como ficou provado nas apresentações que o VivaViola fez tanto em teatro, anfi-teatro, como em praça publica: a viola caipira é forte e consegue despertar a atenção do publico, independente da idade de hábitos musicais dele. É vibrante e não se intimida quando
tem de se apresentar em ambientes marcados pelo predomínio da tecnologia e pelas grandes massas sonoras e rítmicas http://www.blogger.com/img/blank.gifda moda.
Verdadeiro passeio musical, passando pela moda de viola, catira, calangos, folias e muitos outros ritmos da cultura popular , o Projeto Vivaviola - Sessenta Cordas em Momento, Turne Estrada Real, não só contibrui para o desenvolvimento cultural de nosa gente, como afirma a identidade da cultura
brasileira, a partir de suas raízes, ou seja, da música composta feita e executada na viola caipira.
sábado, 28 de agosto de 2010
sábado, 21 de agosto de 2010



os cães de Paraty
são mansos e amáveis espalham-se pelas ruas
a feito da água
dormem no convés dos barcos
na porta das casas
vigiam o tempo ocioso
sem latir
dividem com os pescadores
e turistas
o sabor das caminhadas
após as refeições
são cães de belas plumagens
misturam-se em sossego
com as pedras roliças e gordas das calçadas
dividem com os pássaros
o aconchego mítico da paisagem
assemelham-se a Argus
o espera de Ulisses
os cães de Paraty são amáveis
parecem esculturas a beira do mar
quinta-feira, 29 de julho de 2010

o poema se faz
de água transparente
no limite da pedra
no seu silêncio fluido
por dentro
por dentro da linguagem
sem ressonâncias
a pedra em pensamento
se funde no que ouve
de escuta atenta e rude
entre folhas brancas
ruge o eco seco
sem saliências
a razão implume
o poema se fraga no que diz
insuspeito alheamento
sem música sem perfume
onde de pedra por igual
fico em cada grão
de areia e sedimento
o poema na pedra se imanta
em sintaxe ausente se matura
domingo, 25 de julho de 2010
sexta-feira, 16 de julho de 2010

depois da missa
no adro da igreja matriz
homens conversam em grupos
divididos pelos trajes
pela posse
pelas convicções políticas
e irmandades beneficentes
vendem gado
trocam lotes
compram carros
pedem votos
negaceiam frívolos acontecimentos
falam da vida alheia
em manchetes importantíssimas
comentam futebol
comem com os olhos
a beleza da mulher do próximo
domingo é dia de prece
de frango a molho pardo
quinta-feira, 15 de julho de 2010
minha mãe era mulher de sete serventias
desdobrava-se em tarefas domésticas
e pequenas alegrias maternas
lavava
passava
cozia
costurava
escrevia poemas
enfeitava a casa com flores que ela mesma fazia
professora por vocação
não se curvava ao peso das palavras
por conveniência política
nem por submissão às injustiças
não era de ficar calada
quando lhe pisavam nos calos
isto lhe valeu nove filhos
muitas noites sem sono
e infinitas aflições
com ela aprendi as primeiras letras
descobri o poder das palavras
o prazer da poesia
minha mãe
era mulher de sangue nas veias
de sete sabedorias de repente se encantou
segunda-feira, 12 de julho de 2010
domingo, 11 de julho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010


não há surpresas na morte
em si
na morte de ninguém
de nenhum ser no universo
desde o início
avisa de sombra em anúncios
a fúnebre ocorrência
apenas fingimos não ver
ignoramos o idioma letal
todos somos condenados
apenas adiamos nosso entendimento
sobre ausências e despedidas
agarramos a qualquer migalha
qualquer distração nos alimenta
não há regras no jogo contra a morte
sempre vitoriosa
não há ética nem equidade
no olhar da morte não há compaixão
nem esperanças
a morte em si soberana de todo o universo
não há surpresas
quinta-feira, 10 de junho de 2010

copa do mundo
o mundo todo doido
de olho em Jabulani
veloz mais que um gato siamês
sem voz
lua de lã
lúdico animal feroz
anjo de couro cru
monstro de pano
redondo jabuti na lama
a bola rola
a gorduchinha da vez
corre para
sobe desce
bate rebate rebola rebumba
balança a bunda do atleta
escapa impune
no balé dos astros e dos deuses
dribla o bobo da corte
engana o zagueiro
o goleiro engole o gol em seco
o grito da torcida aflita retumba
o choro dos humilhados
dos desde e para sempre
perdedores
inunda o estádio
cheio de falsas esperanças
elefante branco na clareira
da floreta nua
Jabulani se mistura
a tudo que é gente e bicho
a tudo que é lixo e luxo
no fundo da rede
presa feito peixe fica
o coração disparado
se ilude
o mundo todo de pé
de joelhos
se benze
reza
faz feitiço
comunga pão no circo
no parque de diversões
no decurso dos políticos no palanque
faz tremer o altar de afrodite
no mágico ritual das coisas surdas
Jabulani ri
ao som ensurdecedor
das vovuzelas
mais alto que as estrelas
que as cornetas do juízo final
sábado, 29 de maio de 2010
quinta-feira, 27 de maio de 2010


tudo em MInas é de pedra sabão
os profetas de Aleijadinho
a escadaria das igrejas
seus candelabros de fé
suas esculturas
os degraus da cadeia púbica
o passeio da farmácia
a rua estreita
sob luz minguada
o piso da Casa do Contos
das prostitutas
o murmúrio dos homens
sua esperança
sua inveja
seu ódio e tédio
seu ócio
as folhas do livro sagrado
os muros de lamentações
o chafariz
por onde escorre a água
o tempo líquido do sonhos
a alma dos inconfidentes
os votos os ossos do ofício
as recorrentes traições
tudo em Minas com raríssimas sucessões
pelo sim e pelo não é de pedra sabão
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