segunda-feira, 18 de abril de 2011


porque desejas a morte
quando as coisas não vão bem para ti
e a vida te parece pesada
mais que um rochedo preso
no fundo do mar
porque foges dela
como o diabo foge da cruz
se estás feliz em tua inconsciência
deixa que a vida se cumpra
em alternâncias de alegria
e de tristezas
não apresse o barco
da indesejada das gentes
não demora muito e não mais verás
a lua branca
na tardes luminosas
porque tudo é tão breve
que nada me parece urgente

não apresses o barco de tua existên

domingo, 17 de abril de 2011


vive conforme aquilo que ensinas
conforme a escrita de tua vida
ignora os que te julgam míope
ou sonhador
os que sob o manto das instituições
sob diplomas clonados na internet
comprados a peso de outro
escondem a ignorância e a covardia
ou em nome de um Deus inócuo
insinuam tua interdição
a ironia nem sempre nasce
do saber autêntico
escreve segundo o ritmo da vida
o poema necessário
não te humilha
não odeias
não ofendas
não finjas
tudo o que te acontece move teu aprendizado
viva conforme o que ensinas

sábado, 16 de abril de 2011


não tenhas medo
das coisas que estão por vir
o que sabes do futuro
do que irá te acontecer
daqui a um segundo
da flor que perfuma
teu cofre de segredos

viva o presente com integridade
inteiro no teu sentir
e nada te acontecerá
que não serás capaz de usufruir
ou suportar
seja fortuna merecida
seja a miséria extrema
cujas pontas se tocam
e no tempo se completam

eis a tua felicidade
receber sem anseios
o que em sigilo a vida te oferece

domingo, 13 de fevereiro de 2011


só ha felicidade
na inconsciência diante do mundo
no fluxo natural da e vida
feito rio e vento se deixam levar
feito levam o moinho
pelo movimento natural do tempo
feito o tigre e o porco espinho
busca pela fome o alimento

no mais tudo é ser sozinho

domingo, 6 de fevereiro de 2011


sem a poesia
não haveria nada
caos absoluto
estranha solidão
não haveria luz
nem teagonia
no tempo sem memória
a palavra amor não resistiria
ao vazio cósmico
ao egoísmo dos homens
sem a poesia
seriam absurdos
os dias da criação

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011


na base a pedra
a pedra de toque
o tempo só
metamorfose
de tudo em tudo
verbo de pedra
de água e sol
sem ornamento
sem apanágio
a pedra só sua voz
pelo atrito do vento
se ergue

domingo, 30 de janeiro de 2011


o fulgor da palavra
cega teus sentidos
todo o cuidado é pouco
não há lucidez no entusiasmo
no ritmo asmático do poema
no coração ferido

deia que o difícil rigor
do ofício
seja teu ânimo e teu limite

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011


letra a letra
o poema do futuro
ao fluxo da leitura
se oferece
mal você se curva
sobre a palavra
nuvem
o poema desaparece

o mundo muito
eu pouco
o tempo curto
o homem louco
o invento mudo
o novo choco

depois do porre etílico
o eu lírico
regurgita
vomita a fala
se agia faz discurso
de gala
cambaleia
quebra a cabeça
na sarjeta
briga com o outro
o poeta empírico
na anti-sala literária
mal se olham
os dois
se desenrolam pela escada
da palavra a baixo
a poesia ri do ritual
do escracho
exonera a metáfora
dispensa cosméticos

prefere
o sentido lato
o silêncio meta-científico
o dissenso
o desde sempre
artefato poético

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011


o sapo a lesma
a casca da ostra
toda a miudeza
o sol pela fresta
o gafanhoto
o graveto
o risco o rabisco
a escrita]
lamparina acesa
o erro
o vidro vazio
no fundo da gaveta
o que da mesa
do mundo resta
a poesia solta
a língua tesa
o poema triste
em dia de festa

tudo isto me interessa

após a incessante multiplicação
do verbo
das indefinitivas constelações
de signos
ao que por dentro se mutila
ou acrescenta
prefiro
o mínimo não dito
o que em silêncio reverbera

por um segundo
esqueço
todos
todos os ruídos do mundo

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011


o conteúdo não é tudo
nem tudo forma lúcida
nem tudo lúdico
nem tudo ornato
nada inato surge
a luz ilude o olhar do crepúsculo
o molusco fusco do discurso
muda conforme a voz se curva
conforme o véu da chuva ácida
conforme tudo a tudo se dá
se alude
dúbio salto sem alma
sombra sem fundo
sangue e chumbo
suga
no túnel da linguagem
tudo principia
o fogo na pira
no tubo de ensaio
nada se salva
tudo vira poesia

domingo, 23 de janeiro de 2011


tudo
no sertão acontece
tudo de rio
desce
sem margem
á vista
sertão de sertão se tece
Irradia
o incerto sol
dúbia travessia

sábado, 22 de janeiro de 2011


porque desejas a eternidade
se nada sabes
de teu passado imemorial
se menos ainda
conheces teu presente
sem significado

o que há na eternidade
senão a saudade dos dias
finitos
e a melancolia sem fim
a certeza de que nada mais acontecerá

porque ainda desejas a eternidade

terça-feira, 18 de janeiro de 2011



ao olho tudo é dardo
o referente deserto
o já descrito na pele
o poema do poente
o verso delirante
o amor ao dente
o pomar a ponte
o poeta mais de perto
ilude o sapo
o sábio ignorante
elide e corta
edita o olho do outro
sempre de olhar distante
no outro olho olha
olha olho por olho
dentre por dente
pela palavra luta
escolhe escreve
escova a verve
traduz de pedra
a luz
como quem talvez
namora
na morte
o já lá fora
o olhar caolho
entorta o objeto
o encalhe
encobre a metáora
o dialeto pobre
do editor classista
do poeta ex-nobre
tudo o que produz
de novo nasce
no cardápio da moda
olho de peixe morto
molho de inseto
piolho de cobra
o olho da placa
luminoso morde
a crosta
a casta cartilagem
da ostra
o mundo pela palavra se produz
pelo avesso da linguagem
move

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011


a tragédia do Rio
dita de outra forma


água seu curso
de enigmas e desconstrução
seu discurso livre de sintaxe
de complementos
segue só água a morte
e suas desconexas
conotações
segue só água
a mídia cega
no útero das nuvens
do vento sem adjetivos
segue só água
o mito do dilúvio
a rebeldia dos anjos
a queda dos montes
o que de água se arrasta
a terra a mata
floresta e casas
cavalo e ponte
nem se salva
na arca
segue só morte
de pedra e pânico
a água do batismo
estranha fonte
do sótão da palavra chuva
segue só lama
a morte sem luvas
só água de antes
só lâmina e mácula
arame e magma
a máscula mortalha
o bruto abutre de alivião
segue só água por onde
sua língua alcança
do mundo o coração
só água onde antes bebia
não bebe mais no espelho
o homem
a onça
água e pedra de irmandade
se imantam
lixo e diamante
se dividem em prantos
sege só água
tinge de sangue o horizonte
só água em cachos
em cântaros
de mapas sem nome
segue que água bebe
mesmo sem fome
come da cidade a alma
o cerne
segue de água a língua
se multiplica em signos
e ditames
em sigilos
os dilemas
os reclames
segue só água
seca do homem
o desejo
o orgulho
a infâmia
segue só água
penetra
perfura
afaga
afoga
sufoca avança
perpetra a hecatombe
segue só água a linguagem da chuva na montanha
nem santa
nem satânica
sua semântica dissonante
segue só água sertânica
de janeiro a março
sem bossa ou máscara
água só marcha
de sombras sonâmbulas
na direção do Atlântico

só água seu discurso irônico
a arquitetura do idioma
não a imagem da água
a água mesma
sua viagem anômala
seu discurso multiforme
polifônico
ninguém escuta
o barulho da chuva
o ritmo da musica
o embrólio de tudo
o rumor das sombras
o discurso d’água
pela água se dissolve
arrebenta a língua
por dentro de si mesmo
o vasto dicionário de abismos
a cidade da palavra
tomba

domingo, 16 de janeiro de 2011


nem toda leitura
fecunda a consciência
lugar secreto
ler conforme seja
a biblioteca
o gosto da cereja
entorta os olhos
amassa a bunda
encobre o objeto
melhor voar
feito mosca vagabunda
deixar a vista
viajar ilesa pela janela
da paisagem aberta sobre a mesa

sábado, 15 de janeiro de 2011



o discurso das águas


o mundo todo quer entender o discurso das águas
o curso de seu vocabulário rio
estreito dicionário
em sua fúria de destrutivos pronunciamentos
os hermeneutas procuram o sentido oculto na lama
nas dores de Jó
nas ruínas do jardim do Édem
os semióticos analisam vestígios
o que do litígio urbano sobreviveu
os arqueólogos dialogam
com os bombeiros em tristes escavacações
de sentidos e sentimentos
os políticos proclamam
prometem
se acusam
denunciam falhas do sistema
falsas interpretações
eternos dilemas
adiam verbas
conjugam verbos de intransitivo amor
de pretéritas emergências e decisões
os comunicadores usam e abusam
da sede de verdade
dos homens incrédulos
os marqueteiros de plantão
faturam com a audiência
e novas campanhas pluviométricas
os homens de negócio negociam novas situações
calculam os pontos e as vírgulas
lêem como sabem e querem as ondulações das letras
nas vertentes devastadas
assassinam novos contratos e convênios
de conveniência mútua
os homens públicos ficam mais públicos
choram lágrimas de crocodilo
em nome do bem comum
os místicos fazem mágicas
acendem velas
queimam incenso para os deuses atléticos
inacessíveis e seguros
em seus reinos míticos
guarnecidos por anjos
por tropas de elite
as companhias de seguro
ficam de olho no futuro ameaçado
enquanto isso as águas caem do céu
dos infernos das nuvens
dos telhados
assustam homens e bichos
aves e pedras
plantas e animais domésticos
arrebentam muros
furam paredes
derrubam casas
invadem igrejas
granjas
fábricas de brinquedos
templos e estádios

a temporada de chuvas continua
profetiza a moça do tempo
o serviço de meteorologia
no seu afã de dizer
as águas engolem escolas e bibliotecas
out-doors e placas luminosas
comem estradas e sinais de transito
espalham o vento do medo
sua lição de humildade

o livro da natureza ao se deixa ler
pela razão humana
que a si mesma se arrasa

o discurso das águas se reproduz
em filetes e simulacros
em risos e tempestades de sentidos
saltam das páginas infinitas do universo
rugem rangem rasgam vomitam água e fogo
a ira de Netuno que tudo ununda
rolam com os cadáveres dos homens e das coisas
pelas encostas
desfilam com os mortos pelos morros amassados
pela ruas e avenidas mascaradas
ruflam tambores
entoam marchas fúnebres
pelos becos e esgotos
pelos canais todos da convencional incomunicação

as bocas anônimas cantam hinos
solidários
juntas se iluminam

as águas e sua linguagem insípida
inodora encantadora polissemia de enigmas
com seu discurso indecifrável
tudo liquida
tudo esmaga com sua força natural
sem regime
sem lei

nada estanca o sofrimento
o silêncio do Planeta sonâmbulo
diante de tantas palavras e idiomas

o mundo todo quer entender
o grito solitário
o discurso das águas sem sono

............................

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011


o urubu não precisa de poesia
nem o tatu de terra macia
a cotovia canta sua própria melodia

somente o homem necessita da canção
para viver suportar seu dia a dia

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011


para este poeminha fim de tarde
aproveito pingos de chuva da vidraça
dejetos de pássaros
de gorjeios no passeio público
retalhos de uz no lusco-fusco
sobremontanhas
tudo o que sobreviveu na cidade sem alma

terça-feira, 4 de janeiro de 2011


já não me basta fazer silêncio
há muitas vozes no deserto
Já não me basta ficar quieto
há muito movimento
no universo
solidão é tudo o que almejo
não a solidão do desejo
da ausência alheia
no fundo dos espelhos
falo da profunda solidão
da maior de todas

a que talvez
nenhum homem alcançará
a que nunca conquistarei

domingo, 2 de janeiro de 2011


escrevo e assino
escrevo contra a desesperança
contra tudo o que sobre vários estilos
e desculpas
me quer escravo
a cada manhã me assassina

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010


A literatura ou a vida?
Eis a questão!
Prefiro a literatura ,
Já que a vida é ficção.

sê simples
no que recebes a cada manhã
no que perdes ao anoitecer
entre a vida e a morte de cada estrela
não há hiato
na verdade
o sono e a vigília se confundem
não te pertencem
não há motivos para regozijos
nem para a tristeza

sê simples para que a vida refloresça

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010


o poema deve ser
curto e grosso
sintético
diz o crítico de mau humor
de preferência
só osso
ensina o professor
deve ser inofensivo e neutro
menor que ameba
na medida certa
do cérebro do leitor
reitera o sintomático editor

terça-feira, 28 de dezembro de 2010



porque desejas o domínio absoluto
éS capaz das piores coisas
podes trair com o mesmo sorriso com que amas
podes roubar
com o mesmo cinismo
com que alimentas o mendigo à tua porta
podes matar
com a mesma alegria
com que comemoras teu aniversário
a chegada do Ano Novo
porque desejas o domínio absoluto
não saberás a diferença entre amor e ódio
entre paz e omissão
entre justiça e honra
nunca te bastará o necessário
serás para sempre
inimigo de teus irmãos
de tudo e de todos
porque desejas o domínio absoluto
vives em desassossego
estás condenado a vagar pela terra queimada
sem deixar rastros nem lástimas
serás bruto mais que a pedra do calvário
mais que o animal selvagem
nunca serás nada
nem deus nem homem
nem a cascavel serás
porque desejas o domínio absoluto

sábado, 25 de dezembro de 2010


não te esqueças nunca destas palavras
a água não pode mais do que a água
nem o fogo mais do que o fogo
nem a pedra mais do que a pedra
Deus não pode mais do que deus
nem tu mais do que o que tu és
pó e água
ar e fogo
tudo no universo se curva ao peso
do tempo
à permanente sucessão da existência
nada deve se curvar a teus pés

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010


falo por mim
mesmo quando calo
porque povo
é gado marcado
nao tem preço
não tem cheiro
não tem voz
não tem mercado
povo não come
não bebe
não ouve
não toca violino
não se toca
não inala
povo não é velho
nem menino
na vale um tostão furado
povo é abacaxi e pepino
povo é palavra abstrata
cachaça barata
nó sem gravata
botequim com batata
caranguejo na lata
cumpre e não trata
se assusta à toa
açude sem água
é águia mas não voa
não chove nem molha
não reage nem a tapa
aos desmandos da coroa
povo é esgoto no ralo
pedra no sapato
calcanhar com calo
poleiro de pato
perfume barato
suco
saco de pancada
sucata
não ata nem desata
não canta de galo
não levanta cedo
não levanta a crista
não olha para o alto
povo é povo
por falta de opção
por falta de palavra melhor para saudar o charlatão
pouco mais que menos
carta fora do baralho
a palavra povo
fede a alho
olho por olho
povo é encalhe
não tem boca
nem agasalho
é quebra galho
gargalo e oca
povo não tem tato
não tem trato
não tem retrato
é sempre retardatário
povo não é justo
nem canalha
não é judas
não ajuda
não atrapalha
vive como pode
como agüenta
come pimenta de bode
como permite a elite
em nome do povo
muito crime se comete
mais subtrai
quanto mais promete
em nome do povo
a revolução
a farsa

o fanfarrão sem calça
no caixão sem alça
em nome do povo
nada de novo na rede
nem peixe nem polvo
nem cerca nem parede
a palavra povo aumenta
conforme a ocasião
o que em nome do povo
o rei supostamente inventa
em nome do povo
há quem fala grosso
engrossa o bigode
engorda o bode
torce o pescoço
vira porco
por mais que se sacode
o coqueiro atorto
o coco não cai
não morre
o povo
Brasil
é um vivo-morto
é festa de pagode
Jesus Cristo no Horto
não é pobre nem lorde
é boi que não se lambe todo
nem nobre nem gentil
povo é povo
ovo é ovo
véu é véu
vil é vil
povo é uma ova
depois do voto
toma dorIl

penso por mim
porque o povo
por impaciência
por incompetência
por conveniência
por conivência
sumariamente
democraticamente
subtamente
sumiu
João evangelista rodrigues

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


que tal
um poeminha descartável
para seu Natal
sem sentimento real
sem pensamento
porque pensar
no final do ano
faz mal para o estômago
não é saudável
que tal
um poemiha normal
com amor bem comportado
e agenda sexual
um poeminha
nada sentimental
com casa e jardim
café da manhã e jornal
um empreguinho óbvio
um automóvel invejável
uma esposa elegane
um gorda conta bancária
uma passagem de avião

um poeminha idiota
com botas na janela
com árvore de metal
com bolas coloridas
falsos frutos de vidro
que tal
um poeminha beleza
com mesa farta
taças de cristal
com vinho importado
castanha do pará
peito de peru e pernil
e sonhos defumados
que tal
um poeminha caótico
católico por convicção
hipócrita e fundamental
que tal
um poeminha erótico
com alta titulação
com rara erudição
com baixa radiatividade
com motivo oriental

que tal
um poeminha burocrático
democrático
simpático
sem preconceito
sem poluição


um poeminha frugal
para um Brasil desigual
para sua vidinha banal
para sua vizinha animal
para o moleque do sinal
para o gestor universal

que tal
um cartãozinho indecente
simplesmente.com.
Feiz Natal

elimina de ti
tudo o que de ti
não faz parte
o amor que não suportas
a arte que não ilumina
o orgulho eu ti humilha
a ciência que não floresce
tudo o que não és
e teimas em ser
joga ao vento
tuas palavras ociosas
tuas metáforas abstratas
teus pertences sem coração
às feras
as cifras
tuas vestes de gala
tua ansiedade
tua fé sem aura
tuas fezes
aos ladrões
tudo o que tens
e não te pertence

seja apenas o que podes ser
no tempo sem núpcias
sem saudades
sem espera
sem perfume

elimina de ti o que te elide
e em silencio dilacera

sábado, 11 de dezembro de 2010



o afundador de navios
vive em palácios submersos
alimenta-se da escuridão das almas
de amizade de peixes carnívoros
seu corpo é uma carcaça de ferros velhos
turbinas emperradas e painéis em pane
de vez em quando ressuscita do coração
de um náufrago

para matar de submarinos desejos
entre um e outro afundamento de navios
lê um livro de poemas
montado no vento

o afundador de navios já se cansou das praias
das garrafas vazias
dos sacos de plásticos das
camisinhas e seringas descartáveis
da alegre hipocrisia dos turistas terrestres
das turvas tempestades humanas

agora sonha com a noite em que um mar de fogo
engula todo o continente como um dragão
invisível
devore a vida no planeta enfurecido

o afundador de navios dorme sobre túmulos de água

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010


para onde pensas que estás indo
quando circulas às tontas pela casa
pelas ruas s da cidade
quando avanças o sinal
quando furas a fila do caixa
no supermercado
quando te fechas por dentro
quando te embriagas de metafísicas
quando arrependes de teus pecados
quando devoras sem mastigar
um livro de poemas
de boas maneiras
de auto ajuda
quando comes sozinho
tua ração diária de tristeza

para e pensa
para onde estais indo neste instante
de chuva noturna e insistente
no fundo sabes que tua busca vã
vazia de sentido

é para a morte que tu diriges a cada passo
a cada sopro do desejo
de teu pensamento a caminho do silêncio
a cada movimento de teu espírito sem aconchego

não te perturbes
todos os caminhos caminham em direção à morte

para onde pensas que estás indo
quando circulas às tontas pela casa
pelas ruas s da cidade
quando avanças o sinal
quando furas a fila do caixa
no supermercado
quando te fechas por dentro
quando te embriagas de metafísicas
quando arrependes de teus pecados
quando devoras sem mastigar
um livro de poemas
de boas maneiras
de auto ajuda
quando comes sozinho
tua ração diária de tristeza

para e pensa
para onde estais indo neste instante
de chuva noturna e insistente
no fundo sabes que tua busca vã
vazia de sentido

é para a morte que tu diriges a cada passo
a cada sopro do desejo
de teu pensamento a caminho do silêncio
a cada movimento de teu espírito sem aconchego

não te perturbes
todos os caminhos caminham em direção à morte

segunda-feira, 29 de novembro de 2010


o que sou sou sem desjar
nada ambiciono
para ameus dias pequenos
não demarco a vida
pela posse provisória
de objetos dourados
pelos caminhos pro onde passo
também não desejo a eternidade
nem a verdade das coisas demasiadamente longe
inalcançaveis
sei que sou de tudo
um fragemnto
uma gota de ´gaua
um grão de areia
um fiapo de luz
não m e sinto dentro nem fora de nada
o que vem a cada instante me consome
me completa
não distingo um sol de outro sol
um rosto de oturo rosto
todos os deuses são iguais perante o universo
o que sou sou sem desjar
nada ambiciono
para ameus dias pequenos
não demarco a vida
pela posse provisória
de objetos dourados
pelos caminhos pro onde passo
também não desejo a eternidade
nem a verdade das coisas demasiadamente longe
inalcançaveis
sei que sou de tudo
um fragemnto
uma gota de ´gaua
um grão de areia
um fiapo de luz
não m e sinto dentro nem fora de nada
o que vem a cada instante me consome
me completa
não distingo um sol de outro sol
um rosto de oturo rosto
todos os deuses são iguais perante o universo

quinta-feira, 25 de novembro de 2010


Como poderei ver o mundo
E todas as coisas que o compõem
Senão com olhos humanos
A vida e a morte
A amargura e a alegria
A solidão e a esperança
Tudo são formas de ser
E de não ser
Sob luz falsa e cambiante

Como saberei
se são Verdadeiras ou enganosas
Se tudo o que vejo
São sombras
Surgem e desaparecem
Com a rapidez de um raio

Como poderei ver o mundo
Senão com olhos humanos

terça-feira, 16 de novembro de 2010


o que escreves no meio da noite
não tem valia ao amanhecer
não por teu estilo
ou por falta de sinceridade
não por culpa das palavras
dos grilos e coaxos de sapos invisíveis
é que sob a luz do dia
as palavras noturnas
Ficam cegas
tontas de tédio e desilusões
o que escreves no meio da noite
brilha somente nas trevas

sábado, 13 de novembro de 2010


cada um de nós
somos o mundo
cada um com sua voz
cada um em cada túmulo
a sós

não te iludas
não te entristeteças por teres poucos amigos
não os conte pelos dedos das mãos
pelas noites passadas juntos no bar da esquina
nem pela mesa farta que oferece aos pássaros
nem pelos livros e discos trocados
amigos chegam sem fazer alarde
sem sinais visíveis
compreendem pelo silêncio
pelo calor da amizade
que mãos e olhos
podem mentir sinceramente
podem ler e assinar tua sentença de morte
nem sempre um beijo na face
um aperto de mão
quer dizer conte comigo
deixa que teu coraçao desinteressado celebre
na dor e no prazer
o bom vinho da amizade

não te iludas meu amigo

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Tens espírito de borboleta
Em nada pousas definitivamente
Nenhuma flor
Por mais exótica ou colorida
Sacia teu apetite andarilho
Não te embriaga o perfume
Mais essencial

Tens espírito de borboleta
Mil asas os pés de teus desejos

enganas a ti a aos outros
quando proclamas a eternidade do amor
quando ao bem amado prometes
céus e terra
a quitessência da felicidade
quando ignoras que aos homens
somente é dado amar
de modo humano e provisório
quando te inquietas por esta
ou aquela abstrata forma de amar

melhor seria se amasses a liberdade
sem amor e sem esperança
apartado de tudo o que não seja silêncio
posto que o amor é leve e chama
e leva com ele tudo
tudo o que por amor reclama

quarta-feira, 10 de novembro de 2010



és somente o que és
sem arrependimentos
nãos suspires
pelo que não foste
pelo que serás

sê tudo que puderes
no fluir de tua existência
e serás tudo
passado e porvir
em teu eterno presente

Nada mais fizeste
Que demarcar o Terra
Que dividir a Pátria
Não vês quanta ignomínia
Alimenta os teus gestos
E tudo prra em nada resultar
Além da posse e da perda
Náo te prendas ao fio invisivel das cisas
Quanto menos tiveres mais verás
E mais longe andarás por tuas próprias pernas
Sê livre e gozarás a beleza de todo o unvierso


O que na vida se desfaz
No correr das horas
Ao sopro da aragem
Não exige tanto afago
Não mercê tanto sofrimento

terça-feira, 9 de novembro de 2010


um poema quando guarda
em suas salas
um dentro de outro infinito
livro de cristal
todas as letras e suas possíveis
constelações

um poema quando guarda
em noite tropical
a mágica música do universo
nele se multiplica o alfabeto
em memória e esquecimento
um poema úmido de sonhos
no qual todos os poetas se iluminam

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Joao Es un inmenso placer descubrir su sentir. Recibir sus letras, es penetrar pasión en nombre del amor Siempre su amiga Noris Roberts Caracas_ Venezuela http://web.me.com/norisroberts2 http://www.norisroberts.com
Por Noris em sem a rosa da palavra sem a música da linguagem ... em 03/11/10

quarta-feira, 3 de novembro de 2010


nenhum tratado
traduz o sentido
do amor perdido
do amor desejado

nenhum amante
traduz a magia
do verbo encarnado
na poesia

sem a rosa da palavra
sem a música da linguagem
sem o som da chuva na paisagem
sem o vento
que no escuro se traduz
o rio não cantaria
não mataria a sede da terra
não haveria o mistério da poesia
o homem não seria homem
vagaria pelo mundo etéreo
sem horizonte
sem sentimento nem sentido
atiro uma pétala de rosas
no abismo
no Grand Canyon
e nada espero
quem
senão outro poeta
ouvirá o eco
áspero de minha voz

terça-feira, 2 de novembro de 2010


o que revela a árvore na montanha
na manhã de chuva
senão que o coração do homem
está úmido de tristeza
e pouco pode fazer
para diminuir a distância
entre as coisas
emtre o homem e ele mesmo
há um abismo

o que além do silêncio
me faz ouvir os pássaros
na copa da árvore no alto da montanha
seria pássaro sua voz
pedra surda a solidão

segunda-feira, 1 de novembro de 2010


olhas a pedra e nada vês
teu olhar pousa de pássaro cego
a superfície sem mapa
nada decifras da aurora das leis
da matéria bruta
do avesso das nuvens
do que sobre a pedra absoluta
paira a espera a efígie

entre céu e terra vaga
teu olhar vazio tudo devora