segunda-feira, 23 de julho de 2007


o rio de minha aldeia
não é o Tejo
não tem a alegria de Lisboa
é um riozinho à toa
triste e sertanejo

passa pela periferia
sem peixes
entre seixos
fezes calcárias
aros e cacos de telha

o rio de minha aldeia
não passeia
quando passa ressoa de memória seca
em linha reta
colonizado e fraco
lateja
ferve na veia de Fernando Pessoa
fere
estanca o pensamento
voa

o poema sangra

joão evangelista rodrigues


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