sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Transversias IV

Minas em si mesma é única
sobre vários prismas e entalhes

Minas é isto
em outras entonações

são muitos pontos de vista
são muitas interrogações

poucas glórias
muitas condecorações

muita oratória
pouca confraternização
muitos oratórios
pouca devoção

poucas notícias
muitas redações

muita gramática
muita cautela

muita análise sintática
muita seda sintética

muita retórica
pouca realização

muita paisagem degredada
pouca síntese na janela

Minas não é isto nem aquilo
nem por isto é mais tranquila

Minas é isto e aquilo
é muito mais em sigilo

Minas é antes da lapela
antes flor fosse mais bela

Minas é antes da legenda
lírica por omissão

muita fazenda
e pouca renda

Minas é antes da emenda
é minas por compulsão

Minas é antes da moenda
do engenho da compaixão

muita indiferença
muita indefinição

muitas referências
muitas malquerências

muita delicadeza no trato
muita frieza nas mãos

muita sutileza no contrato
muita rigidez na execução

antes de Minas a lei
antes de Minas o Rei

Minas
a jazida
o jazigo
o jargão
o jeito mineiro
de remediar o perigo
de reverenciar o umbigo
de referver a panela
de remexer a ferida
de remover o inimigo
de ir tocando a vida
de janeiro a janeiro
de maneira indefinida
Minas
a draga
a droga
o dragão
o drama em família
a adoração pública
a encenação
o jeito mineiro
de contornar a cidade
de contornar as dívidas
de confabular às escuras
de janeiro a janeiro
de contabilizar a usura
de elogiar a si mesmo
de mineiro para mineiro

ser mineiro nem sempre é chic
caberá Mins em um chip

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