quinta-feira, 25 de janeiro de 2007


o que procuras aqui não se enuncia
talvez em campos destruídos
em plantações queimadas pelo ódio
além quem sabe a mais pungente ausência
raízes secas em território de sal
estátuas mortas de gelo derretidas
estranhos assobios
procuras em vão inventas teu percurso
teu poema
o que não necessitas
honra e glória
poder de alquimista
puro ritual de formas

porque insistes em lembranças e memórias
em recordações sem data
Se a estrada se alonga em desvios
sinuosos e restritos

em vão acenas
ao que passa morto já está
tudo em torno guarda geme em sigilo
vestígios de escrituras
todas as sombras estão perdidas

não ti reconhecem mais neste cenário
os signos da inocência
as habitações e os lagos
a solene procissão do gado
sem água
nada em que possa refletir tua própria consciência
uma pedra que seja pedra
um pássaro que seja
um homem que não seja só reflexos
no espantoso pântano da página
no limo da língua

o que procuras aqui te denuncia
nenhum sonho na fronteira subsiste

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