segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

não por acaso o caos não canto
não conto causos
não me ufano de ser humano
nem brasileiro de ser urbano
sou por inteiro
um engenho de enganos
observo a infâmia dos homens
a infidelidade do idioma
a infelicidade dos anos
nego o acesso fácil
a face neutra dos objetos

pego o que posso para meu sustento literário
vivo de restos e miudezas sem cotação
não me queixo nem espero nada
do passado eterno
sou marcado pelo tempo
de homens marcado
pelo vento pela chuva
pelas tempestades do deserto
pelo excremento da mídia
pelo que excede
pelo que fede do abdome do globo
pelo que pesa no dorso do Planeta todo
falo sobre o desencanto
sobre o desencontro
sob escombros e sombras de sangue escrevo
prefiro a morte a ser escravo
de nada serve o verso
se for servo do perverso tempo
desde o inicio do Universo pelo avesso escrevo

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