sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
o que me interessa em literatura
é a alma do homem
não a alma etérea dos místicos
e dos santos
não a aura dos profetas e anacoretas
a artimanha das cartomantes
caminho de pés descalços
por regiões mais concretas
piso no chão da fábrica do poema
no piso da rua onde moro
remexo o lixo da alma
o estômago da fera
sujo as mãos a cara de lama
lavo no sangue cotidiano
a máscara da mídia
do reclamo pulbliciotario
interesso pelo resto da lata de conservas
não pelo extraordinário
a linguagem impura das putas
as conversas sem reservas
sem atualidades
nem valor utilitário
não tem padrão nem padrinho
minha escrita em pânico
que se dane o dom
o dono da fantasia
o sumo pontífice do consumo
pouco me importa se
o crítico ruminante
cifra come a formula literária
queima gerúndios e adjetivos
n fornalha da escrita se forma o mal gosto
o mal cheiro da genitália do mercado de miçangas
escrevo quando o silêncio manda
conta minha alma de pedra grita a poesia