quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010


A dengue pode matar
Leia , imprima e divulgue.

Arcos virou notícia
em tudo o que é lugar
eu não falo por malícia
o leitor vai concordar
o mosquito é atrevido
vive sempre escondido
a dengue pode matar

ta virando epidemia
pelo que ouvi falar
o bicho tem picardia
esperteza pra picar
e pior é traidor
adora vaso de flor
a dengue pode matar

tem cada mosquito gordo
que dá dó só de olhar
não trabalha e vive solto
rola de lá e pra cá
mosquito bem titulado
sem nunca ter estudado
a dengue pode matar

cada mosquito sisudo
até no modo de andar
perna fina barrigudo
custa se equilibrar
tem mosquito milionário
que pica só operário
a dengue pode matar

já vi mosquito agressor
em tudo quanto é lugar
tem mosquito professor
este nem é bom falar
pica sé pelo poder
pelo prazer de picar
a dengue pode matar

o mosquito é praga antiga
é só você pesquisar
mais velho quanto a intriga
bem mais velho que o mar
para tudo tem razão
adora flor de caixão
a dengue pode matar

é bicho de tradição
de poder familiar
só não pica a própria mão
pois seria suicidar
mosquito finge de amigo
é onde mora o perigo
a dengue pode matar

ele mora nos quintais
sabe a hora de voar
esconde nos matagais
nos jardins e no pomar
e pior é mentiroso
desleal e perigoso
a dengue pode matar

tem mosquito na igreja
na empresa e no bar
tem mosquito na pedreira
ou no que dela restar
mosquito vive de lucro
pica até cavalo xucro
a dengue pode matar

tem mosquito que sorri
na hora que via ferrar
eu mesmo juro já vi
até mosquito chorar
mosquito neo-liberal
mata mais do que punhal
a dengue pode matar

e tem mosquito na praça
no bairro chique a vagar
tem mosquito que só passa
pra poder alguém pegar
o mosquito é uma droga
vive até na sinagoga
a dengue pode matar

ele adora pneu velho
água limpa é o seu lar
não se olha no espelho
com medo de se assustar
e pior entra jogo
populista e demagogo
a dengue pode matar

ele mora em casa pobre
em mansão mora no ar
de tão falso se encobre
não dá nem pra acreditar
vive do sangue do povo
todo ano vem de novo
a dengue pode matar

tem mosquito ignorante
não sabe nem soletrar
usa apenas do rompante
para poder dominar
mosquito adora dejeto
adora roubar projeto
a dengue pode matar

tem mosquito candidato
a candidato a picar
adora pó de asfalto
mas se diz que é popular
já vi mosquito erudito
este é mais esquisito
a dengue pode matar

tem mosquito sem cultura
sem gosto sem paladar
tem mais bunda que cintura
que cabeça pra pensar
e se acha o maioral
na escala nacional
a dengue pode matar

tem até mosquito brega
não dá nem para escutar
tem mosquito que escorrega
onde acaba de cagar
mosquito é bicho tinhoso
predador mais perigoso
a dengue pode matar

por isto preste atenção
não se deixe acovardar
entre neste mutirão
que tudo pode mudar
combata este mosquito
feito as pragas do Egito
a dengue pode matar

Arcos merece carinho
merece mais se cuidar
não há de ser um bichinho
por destino ou por azar
que vai picar tanta gente
por a cidade doente
a dengue pode matar

vamos todos combater
com este bicho acabar
a vida há de vencer
há de florir e cantar
seu povo merece mais
merece respeito e paz
a dengue pode matar

por isto caro leitor
faça o verso vicejar
seja mais um bem-feitor
de mãos dadas vem lutar
não vote neste mosquito
atrevido e esquisito
a dengue pode matar

por isso caro leitor
não se deixe enganar
pelo zumbido o que for
seja gosto ou paladar
este mosquito moderno
se esconde atrás do terno
a dengue pode matar

e por aqui eu termino
meu cordel de convocar
seja idoso ou menino
todos vão participar
Arcos é civilizada
merece ser bem cuidada
a dengue pode matar

não quero ninguém de fora
a dengue tem que acabar
comece já e agora
a varrer e a limpar
vamos por fim à sujeira
viver não é brincadeira
a dengue pode matar

traga verdade e alegria
vamos com força esfregar
jogue água e poesia
pra tudo desinfetar
casa jardim coração
rua riacho emoção
a dengue pode matar

em nome da ecologia
do bom viver do lugar
em nome do dia a dia
mais feliz e salutar
vamos fazer nossa parte
viver a vida com arte
a dengue pode matar

a morte não é tão feia
como se pode pintar
pior é morrer na peia
sem poder espernear
eu prefiro a liberdade
de viver nesta cidade
a dengue pode matar

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010


o poema prefere
palavras curtas
de pele intacta
mínimas em tudo
sem asas
sem artefatos óbvios

ave e ar
água e pedra
palavras que
sob sol antigo
fervem se afloram

o poema prefere
palavras míticas