domingo, 28 de outubro de 2007
Hiroxima e Nagasáqui
não são rosas do passado
são flores tristes
tatuagens
rubras cicatrizes
no coração da humanidade
cogumelos amarelos e vermelhos
letreiros de medo no céu de chumbo
nos jardins particulares do Planeta incendiado
Auschwitz-Birkenau
ainda vive
assusta homens e mulheres
a todo instnate
dissimulados e noturnos
assumem ares inocentes
enquanto servem o pão ázino
trituram mentes e coraçoes
o tempo da história
é de absoluto presente
a memóira não se apaga
não dorme nunca o pensmaento
sob nuvens de silêncio
a palavra liberdade
em quarta crescente
ilumina de esperança lunar
o porão do mundo
Hiroxima e Nagasáqui
não são rosas do passado
são fendas
insondáveis abismos
do um poema envergonhado
gerações de poetas mortos
no perverso ritual cotidiano
cortinas de fumaça
de um turíbulo apócrifo
a morte especular se admira
nos chips eletrôniocs
no espelho global
Hiroxima e Nagasáqui
a multidão atônita
Auschwitz-Birkenau tentam respirar
sábado, 27 de outubro de 2007

por um instante esqueço
a “Canção do Exílio”
exito entre a palmeira sem folhas
e a palmatória dos sentidos
não mereço tanto desaforo
não me humilho
não me entrego ao desespero
não me omito ante o desterro do sonho
do canto de liberdade da pátria
um sabiá pousa na cabeça
de minha professora
exibe notas dissonantes
entre os cabelos do vento
voam dinossauros de luz
existirá mesmo o paraíso
minha “Terra Brasilis”
pergunta pela janela o horizonte
menino desatento de gramáticas e estilos
a “Canção do Exílio”
exito entre a palmeira sem folhas
e a palmatória dos sentidos
não mereço tanto desaforo
não me humilho
não me entrego ao desespero
não me omito ante o desterro do sonho
do canto de liberdade da pátria
um sabiá pousa na cabeça
de minha professora
exibe notas dissonantes
entre os cabelos do vento
voam dinossauros de luz
existirá mesmo o paraíso
minha “Terra Brasilis”
pergunta pela janela o horizonte
menino desatento de gramáticas e estilos
terça-feira, 23 de outubro de 2007
Um arco-íris começa a se desenhar no coração de cada um de nós. Nele caberão nossos desejos, nossos projetos, nossos sonhos, nosso trabalho, nossas utopias, nossas criações coletivas, nosso compromisso mútuo, nossa liberdade, como seres humanos e sujeitos de nossos destinos e desatinos.Sejamos livres e conscientes de nosso papel e de nossas responsabilidades!
Foto e texto:Prof.João Evangelista Rodrigues
Foto e texto:Prof.João Evangelista Rodrigues
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
Crianças de Arcos (MG), apresentnado
um trablhao escolar sobre meu livro inéidto, O Baile das Letras.
pedagogia viva da liberdade
“No Sertão a pedra
não sabe lecionar
e se lecionasse não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra:
lá a pedra,uma pedra de nascença, entranha a alma.”
João Cabral de Melo Neto in A Educação pela Pedra
recomeça pela pedra
pela pedra branca
no túmulo de Cabral
a educação
o que aqui se inicia
...
a pedra líquida
liquefeita em cal
em calma de rio
no Jordão
sob a imposição das mãos
pelo o amor de outro João se batiza
recomeça na pedra a pedra a educação
João Evangelista Rodrigues
Aos mestres, dedico:
Ao educador brasileiro, Paulo Freire, com quem aprendi a liberdade de viver e de ler/escrever/reescrever o mundo com olhos críticos e criativos.
À Noêmia Teixeira Rodrigues, minha mãe e primeira professora, educadora dedicada e exemplar.
Considerando os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e os direitos inalienáveis dos cidadãos brasileiros, garantidos pela Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988, cria-se e se divulga o presente estatuto:
Fica decretado:
Art. 1º Que a vida seja um dom natural e a arte de viver, uma conquista permanente e inegociável Que todas as crianças, jovens e adolescentes, todos os alunos, de todos os níveis de ensino, tenham direito à liberdade de expressão, de manifestar seus pensamentos, seus desejos, suas angústias, suas tristezas e alegrias diante da vida, da realidade de seu país e de sua escola.
Art.2º Que o sol e a chuva, o vento e as estrelas, as geleiras e os mares e rios e as floretas
pertençam a todos os homens da Terra. Que todos os alunos sejam sujeitos e cidadãos do mundo, e que a todos os seus direitos correspondam deveres, em um processo mútuo de participação responsável, crítica e transformadora, pela construção do conhecimento e defesa do patrimônio físico, espiritual e intelectual e da memória da escola em que estudam, da sociedade onde atuam e do País onde vivem.
Art.3º Que o sonho não acabou, nem a Utopia, e a história do mundo continua a ser escrita. Que mesmo em tempos de globalização, do advento de novas tecnologias e de um neoliberalismo, temporariamente triunfante, e de crise dos paradigmas científicos, éticos e estéticos, todos os estudantes tenham direito de pensar o mundo, de nele intervir e de sonhar com um futuro melhor para a humanidade.
Art.4º Que o Universo seja a casa do saber. Que a escola deva ser um espaço confortável e agradável, propício à construção coletiva da liberdade e do conhecimento, através de uma convivência respeitável e de trocas sinceras e justas entre seus atores – alunos, professores, gestores e funcionários - e dos diversos saberes e sabores que nela florescem.
Art.5º Que a palavra luz habite o mundo e mova a vida.Que a sala de aula não se restrinja a um quadrilátero rígido e árido, mas se expanda mundo afora, para, generosamente, dar e receber, de maneira democrática e plural, superando a distância entre teoria e prática, as diversas formas de conhecimento, de arte e de cultura existentes no vasto e inesgotável campo do universo.
Art. 6º Que a escuridão prometa fantasmas e ao mesmo tempo realce mais o brilho das constelações. Que a palavra educação não floresça no quintal do medo. Não possa introjetar em seu coração, sob qualquer pretexto, as causas do medo, isto é, o próprio medo, protagonista de modelos pedagógicos técno-burocráticos, em detrimento de uma visão educativa ampla e integradora, humana , viva e libertária.
Art.7º Que o homem seja o artífice do mundo em que vive. Que a arte e a cultura, a poesia e o prazer devam fazer parte do cotidiano das escolas, da mesma forma que o ar que respiramos, a água que bebemos e as linguagens através das quais nos comunicamos.
Art.8º Que o mundo da linguagem seja a plumagem, a razão e o vôo dos pássaros. Que todos os alunos tenham acesso à informação, ao conhecimento, à leitura, à arte e ao diálogo franco, em um ambiente lúdico, constituindo-se como sujeitos e agentes do processo de ensino-aprendizagem, em um mundo ameaçado pelo individualismo, pela violência, pela falta de ética na política, pelo desequilíbrio de poder no campo econômico-financeiro e geopolítico, pela destruição do Planeta pelo homem e pelo aquecimento global;
Art.9º Que a canção da vida seja composta em parceria e cantada por todos os seres de mãos dadas. Que a educação, em suas dimensões de ensino, pesquisa e extensão, não seja tratada como mercadoria, nem os alunos, como clientes ou objetos regidos pela lei de mercado. Que o ato educativo seja fator de construção da cidadania, de emancipação e autonomia dos estudantes, empenhados em se prepararem para a vida e para sua inserção no processo produtivo, cada vez mais exigente, dinâmico e competitivo, em escala mundial.
Art. 10º Que a vida valha pelo que conhecemos e amamos. Pelo que descobrimos e inventamos. Que o sol possa ser azul, ou vermelho, amarelo ou laranja, conforme seja a imaginação, o sentimento e a criatividade de quem o admira e o transfigura através dos meios de comunicação e de qualquer outra forma de expressão – como cinema, fotografia, literatura, xérox, teatro, música, Internet, grafite, desenho, charge, colagem ou pintura. Fica decretado que todos os seres da terra - animados ou inanimados, todos que andam, nadam, voam ou rastejam e mesmo a pedra inerte - todos sejamos irmãos e que tudo mereça respeito e proteção, de acordo com princípios e valores que norteiam a Ética do Cuidado. Todos habitamos a palavra Mundo, de todos e de qualquer mundo. Que todos sejamos mais serenos e sensatos, mais justos e sinceros, Que todos sejamos felizes.
João Evangelista Rodrigues
Jornalista, escritor e educador
Edméia Faria
Escritora e educadora
Arcos, agosto de 2007
domingo, 23 de setembro de 2007

a arquitetura do fogo
a morte exibe sua musculatura de ira
sobre os “Tristes Horizontes”
setenta línguas de fogo
setecentas mãos ociosas
sete mil cabeças de medo
seu intestino sem fundo
sua fome de tudo
seu coração em pânico
seu insidioso ofício
sua boca sem futuro
sua ironia
seus infinitos pés sem rumo
suas geografias de susto
seus vaticínios e sortilégios

a morte dança
ri e bamboleia
estala estica e se insinua
ao ritmo do vento estéril
estaca
de repente surge cega
sobe silva suga e saboreia
lambe a lua de memória
a ramagem seca
lima a limalha de sangue
avança
nua e crua
se eleva acima da cabeça da urbe
da montanha de ferro
mais que a turba rude
gargalha range e ruge
reina absoluta em luz
arranca da ferrugem a fuligem
a fogueira do abutre
o que resta do inferno
da oficina do lucro
entra de súbito
assalta a janela dos escritórios
as casas
os bares
os bancos
os edifícios públicos
as ruas
os oratórios
nos ônibus
os carros
os sanatórios
parques e viadutos
na fera engrenagem do mundo
a morte triste e bela
mira fere de fogo
a paisagem dos olhos
o mirante se humilha
em delirante ladainha
ante a beleza do fogo
a Igreja São José
treme
da cabeça aos pés
sob a ruína do Fogo
a Praça da Liberdade
chora
sob o rumor do fogo
a Savassi linda e sedutora
geme
sob o rubor do fogo
a Avenida Afonso Pena
pára
sob o aviso do fogo

o Parque das Mangabeiras
se dobra
sob o malabarismo do fogo
a estátua de Tiradentes
cambaleia
sob a covardia do fogo
a Assembléia Legislativa
fica surda ao discurso do fogo
a Avenida Nossa Senhora do Carmo
se exorciza
contra o escárnio do fogo
o BH Shopping se incendeia
com o marketing do fogo
o Palácio das Artes
se evapora no branco
sob a música do fogo
o Parque Municipal
põe as barbas de molho
ante a traição do fogo
a Praça do Papa
se ajoelha
sob o poder do fogo
a Avenida do Contorno
se contorce
aperta o cerco
sob o vórtice do fogo
todos os semáforos se apagam
Nossa Senhora de Lurdes
não se curva
à prece do fogo
à fantasmagoria das chamas
a Rodoviária foge
sob as nuvens de cinza
sob a fumaça de abusos
o febre do fogo
tudo devora e contamina
a rotina dos dias
a ogiva das almas
o coração do vento
o ventre das aves
a vazante das águas
a veia dos bichos
as plantas mais altas
o Belo Horizonte aberto
se dobra
sob o malabarismo do fogo
a estátua de Tiradentes
cambaleia
sob a covardia do fogo
a Assembléia Legislativa
fica surda ao discurso do fogo
a Avenida Nossa Senhora do Carmo
se exorciza
contra o escárnio do fogo
o BH Shopping se incendeia
com o marketing do fogo
o Palácio das Artes
se evapora no branco
sob a música do fogo
o Parque Municipal
põe as barbas de molho
ante a traição do fogo
a Praça do Papa
se ajoelha
sob o poder do fogo
a Avenida do Contorno
se contorce
aperta o cerco
sob o vórtice do fogo
todos os semáforos se apagam
Nossa Senhora de Lurdes
não se curva
à prece do fogo
à fantasmagoria das chamas
a Rodoviária foge
sob as nuvens de cinza
sob a fumaça de abusos
o febre do fogo
tudo devora e contamina
a rotina dos dias
a ogiva das almas
o coração do vento
o ventre das aves
a vazante das águas
a veia dos bichos
as plantas mais altas
o Belo Horizonte aberto

no vazio da ravina
a morte cega
avança dança devaneia
desafia
desatina
não se troca
não se vende
não se entrega
de mãos beijadas
ao delírio da renda
não se morre nunca a morte
sobre o todo predomina
ao ritmo do vento
ao inchaço do ventre
ao riso do povo
por fora por dentro
do invólucro da fala
da casca do novo
no campo na cama
no sossego do jazigo
mais que vulcão andante
mais que perigo e gozo
a morte reina
definitiva amante
só não se ri
de si
acima da cabeça da cidade
efervescente e triste
proclama
interroga
a impune
misteriosa assassina
e agora Drummond
e agora Carlos
e agora José
e agora amor
e agora todos
todos os rostos e nomes
de ruas e praças
de santos anônimos
de falsários e heróis
de manicômios e presídios
de palácios
museus e monumentos
a morte cega
avança dança devaneia
desafia
desatina
não se troca
não se vende
não se entrega
de mãos beijadas
ao delírio da renda
não se morre nunca a morte
sobre o todo predomina
ao ritmo do vento
ao inchaço do ventre
ao riso do povo
por fora por dentro
do invólucro da fala
da casca do novo
no campo na cama
no sossego do jazigo
mais que vulcão andante
mais que perigo e gozo
a morte reina
definitiva amante
só não se ri
de si
acima da cabeça da cidade
efervescente e triste
proclama
interroga
a impune
misteriosa assassina
e agora Drummond
e agora Carlos
e agora José
e agora amor
e agora todos
todos os rostos e nomes
de ruas e praças
de santos anônimos
de falsários e heróis
de manicômios e presídios
de palácios
museus e monumentos

e agora Joaquim
e agora Silvérios
e todos os mitos
e todos os pretéritos
e todos os gritos
e todos os minérios
e todos os oráculos
e monastérios
todos os livros
bordados com ouro e ferro
todos os homens sem orelhas
todos os anjos sem cérebro
todos os pássaros sem sexo
sem voz
para ouvir
sem asas
para ungir
sem sonhos
para voar
pra recriar e mugir
para gritar e fugir
pra vomitar e latir
pra decorar e sentir
praguejar e repetir
para recitar por mais mil anos
o som da palavra Serra
a insônia do Curral del Rey
a ironia da morte
a afasia da terra
o sono de todas as coisas
o prefácio da vida subalterna
o poema sacro
o evangelho profano
a profecia
a solidão do Poeta Itabirano
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
os homens estão dormindo
de um sono confortável e triste
mesmo depois do sol desperto
queimar de fulgor a cortina do quarto
suas fatigadas retinas
mesmo quando dirigem
seus automóveis velozes
e automaticamente buzinam
estão dormindo
um cão sem dono
permanece esticado no asfalto
um mendigo vasculha ao lata de lixo
a caixa vazia de sonhos
um leiteiro anacrônico
anuncia o branco da manhã
a oficina enfurecida
se agita
grita
se irrita
a cidade acorda
sem dúvida dividida
sob o invisível signo de som
da anti-sinfonia eletrônica
à vida à venda a preço de banana
a morte em suaves prestações
meninas feito bonecas
se oferecem na vitrine das esquinas
o supremo enigma continua vivo
ninguém decifra
os homens estão dormindo
de um sono confortável e triste
mesmo depois do sol desperto
queimar de fulgor a cortina do quarto
suas fatigadas retinas
mesmo quando dirigem
seus automóveis velozes
e automaticamente buzinam
estão dormindo
um cão sem dono
permanece esticado no asfalto
um mendigo vasculha ao lata de lixo
a caixa vazia de sonhos
um leiteiro anacrônico
anuncia o branco da manhã
a oficina enfurecida
se agita
grita
se irrita
a cidade acorda
sem dúvida dividida
sob o invisível signo de som
da anti-sinfonia eletrônica
à vida à venda a preço de banana
a morte em suaves prestações
meninas feito bonecas
se oferecem na vitrine das esquinas
o supremo enigma continua vivo
ninguém decifra
os homens estão dormindo
domingo, 9 de setembro de 2007
terça-feira, 4 de setembro de 2007
a contrapelo da pedra
de seu código de cal
leio a feito de lesma
a pedra mesma ilesa
lisa caligrafia mineral
leio de Cabral a Drummond
a lírica impura poesia
ancestral
o poema solto no campo
desliza de rio submerso
como se veia fosse
de sangue inodoro
a palavra bruta
de boa em boca
no socavão da gruta
a contrapelo do texto rola
voa
a pretexto da pedra imóvel
"Nel mezzo del camin
de nostra vita".
a vida mesma desmedido
verso
a contrapelo da pedra no caminho
ecoa
de seu código de cal
leio a feito de lesma
a pedra mesma ilesa
lisa caligrafia mineral
leio de Cabral a Drummond
a lírica impura poesia
ancestral
o poema solto no campo
desliza de rio submerso
como se veia fosse
de sangue inodoro
a palavra bruta
de boa em boca
no socavão da gruta
a contrapelo do texto rola
voa
a pretexto da pedra imóvel
"Nel mezzo del camin
de nostra vita".
a vida mesma desmedido
verso
a contrapelo da pedra no caminho
ecoa
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
definições
o que é a poesia
interroga o poeta
jovem sem sonho
sem teagonia
droga
não é
êxtase da alma
talvez
poderia ser só
o que seria
não coisa qualquer
motivo de fé
raiva
rebeldia
nasce na lama
sol
no rosto
clara liturgia
estranha mulher sem rosto
espelho e poço
estranha pergunta
se repete o jogo
ressuscita
grita o enigma
o mito a cada dia
responder não posso
sou de carne e osso
ouço a voz de tudo
de todos os sentidos
palavra e melodia
no início do sol posto
responder não ouso
ouço a voz concreta
de tudo em dobro
o que me cerca
o tempo sem solução
guardado no meu bolso
melhor seria ficar com sede
rasgar o esboço
beber a palavra escura
impura poesia
nostalgia sem dorso
respostas incompletas
a tal pergunta vã
não
de nada adiantariam
interroga o poeta
jovem sem sonho
sem teagonia
droga
não é
êxtase da alma
talvez
poderia ser só
o que seria
não coisa qualquer
motivo de fé
raiva
rebeldia
nasce na lama
sol
no rosto
clara liturgia
estranha mulher sem rosto
espelho e poço
estranha pergunta
se repete o jogo
ressuscita
grita o enigma
o mito a cada dia
responder não posso
sou de carne e osso
ouço a voz de tudo
de todos os sentidos
palavra e melodia
no início do sol posto
responder não ouso
ouço a voz concreta
de tudo em dobro
o que me cerca
o tempo sem solução
guardado no meu bolso
melhor seria ficar com sede
rasgar o esboço
beber a palavra escura
impura poesia
nostalgia sem dorso
respostas incompletas
a tal pergunta vã
não
de nada adiantariam
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
sábado, 25 de agosto de 2007

na estação da escrita
os palavras são mais tristes
coberto de flores negras
estranhas aranhas autofágicas e hirtas
inesgotáveis intangíveis combinações
tudo se perde
na poemação do tempo
a policromia das formas
a polifonia das cores
a sinfonia dos sentidos
tudo
de nada adiantaria acrescentar som na planície branca
tons de azul torquês
algum verde-escuro
nada mais se pode acrescentar a beleza mundo
nem mesmo o vermelho mais nobre ou o amarelo berrante
nada anima o coração das letras esmaecidas
enfileiradas
no campo geométrico
no pensamento minado e estático
há mais de meio século
vejo a primavera
a filha única de setembro
ir e vir
feito a esfera do sol
feito um relógio de pedra
se move
em torno de seu eixo
com sua estética surda e persistentre
o séqüito de formigas se sucede
em laboriosas
perversas
devotas procissões de falsas festas e desejos
se bem me lembro
mal finda o mês de agosto
e tudo recomeça
ai! que saudades não tenho de meus dezoito mil anos
nem pressa
sexta-feira, 24 de agosto de 2007

tinha ou não uma pedra
no meio do talvez caminho
mera transcendental hipótese
de Poeta Itabirano
meio homem
meio pássaro sem ninho
chutou por acaso
o vento em papel laminado
por engano
alguém diria
atraído pelo brilho
do mundo catatônico
torceu o nariz a matriz da língua
o olho da rua
fraturou o dedão do pé
perdeu o equilíbrio
de mais um verso quebrado
dançou um tango argentino
perdeu o rebolado
o sentido lírico da vida
da lua empedernida
mágoa embalsamada
perdeu mãe e ouro
namorada e razão
perdeu amigos
irmão
fazenda e gado
mas o poema de perdas
o Pico do Cauê
último legado
esse não
não se perdeu
anda comigo por todo o lado
no meio do talvez caminho
mera transcendental hipótese
de Poeta Itabirano
meio homem
meio pássaro sem ninho
chutou por acaso
o vento em papel laminado
por engano
alguém diria
atraído pelo brilho
do mundo catatônico
torceu o nariz a matriz da língua
o olho da rua
fraturou o dedão do pé
perdeu o equilíbrio
de mais um verso quebrado
dançou um tango argentino
perdeu o rebolado
o sentido lírico da vida
da lua empedernida
mágoa embalsamada
perdeu mãe e ouro
namorada e razão
perdeu amigos
irmão
fazenda e gado
mas o poema de perdas
o Pico do Cauê
último legado
esse não
não se perdeu
anda comigo por todo o lado
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
terça-feira, 14 de agosto de 2007
o poeta desvenda o mundo
não há poesia na miséria
ma matéria bruta do universo
em seus perversos derivados
não é relativa a poesia
nem absolutaa
poesia é radioativa e inútil
viva fruta
vinha envenenada
onde não vai a nave louca
o navio o avião
o poema pousa na boca suave aterrissagem
sem motivo sem razão
vai mais que o pensamento
além do movimento lentode um trem de carga
esbaforido e barulhento
vai além do ar rarefeito
do artefardo de pedra
do que no ventre
no estômago
no peito se imagem lerda pesa
mergulha fundo a poesia no vazio das coisas
de tudo encharca os olhos
de sonhos
de objetos mortos
some no mais diverso do maior abismo
insinua de nudez amável por desvios proibidosr
evela a dor as dúvidas do homem
vai sempre por onde o ser humano for
zomba da água
do fogo
do vidro
do rigor da lógica
do fulgor da ótica
do vigor do orbe
do jogo da música
do visto em sombras
da hecatombe semiótica
não é animal de estimaçao
não é natural
feito a maçã sobre a mesa
não é neutra
transparente
doce ou azeda
obsessiva semente
não se observa no varal das nuvens
nem se experimenta se induz nem se deduz impune a poesia
não há ciência na poesia
mais que a bovina
impaciente siderurgia
pasta
come
rumina o verbo
recria
de nada sabe da permanência
de certo de nada adiantaria o finito ou eterno verso
não é clara nem vidente
não é mansa nem valente
nem artigo de luxo
nem conveniente
a poesia resiste simplesmente
entre o céu e a terra
entre o cérebro e o bruxo
entre o reto e o translúcido
simplesmente existe
o poema se rebela de poesia se tece
com o mundo não se confunde
quando ao poeta atentoà vida breve se entrega
e o mundo em transe assim consente
o poeta desvenda o mundo
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