terça-feira, 12 de dezembro de 2006



declaro
para os indevidos fins que isto não é mais um manifesto poético
não é mais um artigo de luxo
da declaração dos direitos humanos
da constituição brasileira
é simplesmente
uma declaração sem fins lucrativos
uma declaração de princiipicios
declaro portantoque o poeta não é santo ben satabáz





em nome de todos os deuses
de todos os continentes
desertos e abismos
que a poesia está morta nos cartórios
nos tribunais
nos clubes sem esportiva

nos bancos das universidades
que o poeta é um asno que voa
que o livro não é objeto de
primeira necessidade
é uma coisinha a toa
uma canoa no museu
uma leoa no cio
um tambor que não ressoa
que é proibido proibir
meninos e meninas
menores e maiores
internautas inteligentes
intelectuais sem classe
de todas as idades
freqüentar lugares suspeitos
feito livrarias e bibliotecas
declaro que bares e igrejas
praças e jardins
rodoviárias
hospitias e aeroportos
motéis e postos de gasolina
são iguais
em qualquer parte do mundo
do planeta sujo e mal divido
em versos e muros de arrimo

que a verdadeira poesia
é livre e obscena
em plena luz da ironia
que e indiferente a todo poder
a qualquer geografia
ameaça a integridade física dos cidadãos de bem
a moralidade púbica
que o poeta é um perigo para a sociedade
explora
rouba
estupra
assassina
bagunça o coreto
a linguagem defunta o
a sonata e o soneto
destrói florestas
muda o regime das águas
o curso dos manda-chuvas
o sentido dos rios
queima florestas e mapas suburbanos
é desumana e cruel com as palavras de consumo
subverte cidades de letras
ocultas nos dicionários de rimas
de infâmia e intrigas universais
invade terras baldias
recicla o luxo o lixo do redizer
cultiva urtigas
apropria indevidamente do lucro do resíduo das fábricas
das usinas nucelares
do que sobra nas mesas das delites
nos corredores das universidades
o poeta é um perigo
comete suicídios cotidianos
atentados contra o pudor
coloca bombas no coração das pessoas de boa vontade
domina submete o sistema de signos
defende a luta a mão armada de versos
não tem Bandeira
somente o Manuel
para salvar o poeta de barro das dores e prazeres
do inferno
das glorias e mesmices do eu
das delícias do céu
declaro
que por estas e outras
cem razões irracionais
o poeta é um perigo
para ele
para a gramática
para a máquina impressora
para a professora de literatura
para a literatura infantil
para seus semelhantes replicantes
para os macacos e elefantes
para o mundo das letras
para todo o que for de terno
e efêmero
o sol
o tempo
o horizonte
para todo o que for belo
e inconstante
é claro
o poeta é um perigo
declara o poeta ao seu umbigo
ao rei
da cocada de toda a cor
ao poema
a outro poeta sem juízo
ao juiz
ao crítico
ao louco
ao lírico
ao povo
a todo ser morto
a todo ser livre
declara o poeta ao vivo
ao seu melhor inimigo

o poeta é um perigo


Que maravilha! bendito seja o poeta e abençoada seja a sua poesia, pois ela a subversiva mor é que sustenta a bendita loucura humana sem a qual todos não serímos nada mais do que um grão de poeira perdido no caos. Um beijo da Maria Lucia

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