terça-feira, 18 de janeiro de 2011



ao olho tudo é dardo
o referente deserto
o já descrito na pele
o poema do poente
o verso delirante
o amor ao dente
o pomar a ponte
o poeta mais de perto
ilude o sapo
o sábio ignorante
elide e corta
edita o olho do outro
sempre de olhar distante
no outro olho olha
olha olho por olho
dentre por dente
pela palavra luta
escolhe escreve
escova a verve
traduz de pedra
a luz
como quem talvez
namora
na morte
o já lá fora
o olhar caolho
entorta o objeto
o encalhe
encobre a metáora
o dialeto pobre
do editor classista
do poeta ex-nobre
tudo o que produz
de novo nasce
no cardápio da moda
olho de peixe morto
molho de inseto
piolho de cobra
o olho da placa
luminoso morde
a crosta
a casta cartilagem
da ostra
o mundo pela palavra se produz
pelo avesso da linguagem
move

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