quinta-feira, 15 de junho de 2006

aqui estão
amigo Sancho Pança
trinta desaforados gigantes
não os moinhos do advento
nuvens mais altas
além dos montes

eis o primeiro Busto
o mais temível horripilante
o que se segue com igual pujança
a figura desmedida
a fúria
a violência
ignóbil ignorância
mais que moinhos
movem homens
o tempo
alimenta a guerra
a grosseria do espírito
mal se forma some no vazio surge outro moinho
mais perverso e intrigante
a tirania
a expansão
o mapa em chamas
a imposição das letras
a indiferença do romance
a perversão do poema
o adverso invento a imposição dos nomes e dos anjos
se eram trinta
muito mais serão
se multiplicam os gigantes
no ventre virtual da mídia
na porosidade mítica da palavra sonho
sem memória
sem herança
maior loucura
subjaz no escuro
a lucidez visita
no já sem conta temporal de sombras
ovelhas desaparecem no deserto
por encanto a vida surge
voam entre as hastes dos moinhos
gigantes mais velozes que ginetes
gritam
cortam os ares
pousam sobre árvores
saltam edifícios
catedrais
cadáveres
museus ocidentais
se antes eram trinta os gigantes
agora são trezentos mil
e muito mais sutil
o seu semblante
por vezes explosivo
reluzente
sem denominação
trágica obediência
surda solidão
aqui estão, amigo Sancho Pança, os trezentos mil desaforados gigantes
no vértice da América
galopeando ogivas
agitando lanças
golpeando homens

a morte no deserto avança

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