Muda Brasil VII

Muda pelo dito,
pelo não dito,
pelo desejo do sacerdote,
pelo maldito verbo ordenar.
Pelo veneno,
pelo tempo certo de tudo amadurecer,
pelo desejo de, em si mesmo, se tansformar.

Pelo Curare,
pela herança,
pelo conhaque ,
pela seta,
pela seca,
pelo cerne,
pelo soco,
pela água de coco,
pelo desejo da carne,
pelo sangue nas veias latinas,
pelas rudes imagens na retina,
pelo que se promete e não se termina,
pelo gosto de confete,
pelo seio suave das meninas,
por suas turbinas em delírio,
pelo fedor de gasolina,
pelo pavor do pivete,
pelo delírio,
pela flor da serpentina,
pela Nega Folô,
pela Nação Nagô,
Por Mãe Tança,
Pelo remelexo, sim sinhô,


Pelo saque sem autorização,
pela automação dos sentidos,
pelo sotaque de cada degeneração,
pelos moradores de rua,
pelos craques da seleção,
pela vida crua e nua,
pela sedução do corpo
contra o campo de concentração,
após três vezes se negar o galo,
o galã do canto sem opção,
pela clave forte dos filhos teus,
pela morte da palavra mortificação.
Pela sociedade dos político mortos.
Pelos enterrados vivos em plena evolução da EscolaI