sábado, 24 de junho de 2006



Muda Brasil VIII I

Muda,
muda por amor ou pelo óbvio ,
pela dor ou pelo óbice,
pela pobreza da rima,
pela beleza da prima ,
pela miséria da palavra ócio,
pela briga ,
pela barriga vazia ,
pela purpurina nos cabelos de Janaína,
muda de coração,
de oratório,
de igrejinhas e oráculos.
Muda de óculos,
muda de banco, o ladrão,
muda de cara, de cena,
o cenário do autódromo,
muda o cinema de clima,
a encenação do crime,
a greve de fome,
a retórica do otário,
a valentia do bandido,
Muda, Brasil,
pelas serpentes dos mares,
por Palmares e Canudos ,
por Iemanjá e Exu,
pela viola de Queluz,
pela Cidade de Deus,
“pela luz dos olhos teus”
muda, Brasil!

Tira a bunda da cadeira,
de teu berço esplendido,
o palitó a gravata,
de teu colchão de palha,
de teu travesseiro de paina .
Muda de órbita,
de hábito,
de óbito,
de atestado de sandice,
muda de pena , de arte, de artesanato barato,
de cacho,
de escracho,
de catarro crônico tua tuberculose.

Muda de clã , de lá de cá, de ré, de dó,
de blá blá blaá de farra farta aa farsa de forrobodó.

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