sábado, 24 de junho de 2006

A Saga da Vaca Louca



João Evangelista Rodrigues
Belo Horizonte,31 de março de l006.


se precisar não explico
pois não existe razão
se for curto o verso estico
para aumentar a tensão
eu traço o livro de graça
e boto o verso na praça
porque aguento o rojão

se o poeta for poeta
de nome de tradição
revela arte secreta
dispensa apresentação
e não escolhe o assunto
depois de morto o defundo
é corpo de estimação

a história que você lê
merece mais atenção
pois nem sempre a gente vê
um palmo acima do chão
o amor tem muitas caras
muitas caras são tão raras
amor de vaca é o Cão

de qualquer forma o leitor
vai gostar deste cordel
por qualquer forma de amor
vale a pena o escarcéu
eu por mim faço o que posso
como a carne e quebro o osso
e deixo a vaca pinéu

senhoras e meus senhores
estou com água na boca
só de pensar nos amores
dessa tal de Vaca Louca
ela parece animada
somente um pouco tarada
não sei se dorme de toca

eta vaquinha fogosa
bovina boa de papo
não sei se gorda ou mimosa
se magra feito um fiapo
ela se chama de musa
pra vaca é muito confusa
mas não dispenso o cardápio

imagino que ela seja
de boa raça e doidona
que não berre quando beija
mais novilha que matrona
por ser louca não me importo
vaca velha não suporto
nem bordando na poltrona

de peito grande talvez
dê leite com mais fartura
mas pode ser que a rês
engane por formosura
tem vaca pequeninha
que faz a coisa certinha
e ainda esbanja loucura

carne de vaca é macia
muito mais conforme a parte
toda a hora,todo o dia
pra comer precisa arte
no caso de tal vaquinha
prefiro toda inteirinha
de preferência “ a la cart ”

a julgar pela imagem
que de si mesma ela faz
esta vaca é sacanagem
de raça é tudo capaz
e por cima está sedenta
é mais quente que pimenta
no prato de Satanaz

anda cheia de desejo
igual o diabo gosta
promete um rio de beijo
assina,insiste e aposta
o amor não é vergonha
vaca do Jeqitinhonha
adora pastar de costas


pra ela não é problema
se o servidor ganha mal
é bem outro seu dilema
é louca de dá com pau
já tem três chifres na testa
será que esta vaca presta
ou é um falso animal


pelo jeito anda a perigo
mais que relógio atrasada
se gasta charme comigo
porque não manda assinada
carta sem nome não vale
por este mero detalhe
tudo pode dar em nada

vou lhe dar mais uma chance
minha vaquinha adorada
se fizer charme que dance
que paste noutra invernada
esta é a triste realidade
mas nem sempre a verdade
deve ser sacramentada

há muito mais de aparência
no dia a dia da vida
no fato da existência
não ter de fato medida
se a vaca fosse profeta
saberia que o poeta
de fato é boa pedida

deixo de lado a cantada
pois não sou boi nem machista
mas não retiro a cartada
Vaca Louca,não resista
vale a pena a brincadeira
salte logo esta porteira
mas não chifre o cordelista

e por aqui se encerra
a Saga da Vaca Louca
antes vou a Inglaterra
onde até Lady dá sopa
porém com vacas mineiras
faço amor e dou rasteira
afinal eu não sou trouxa

o poeta se despede
sem alarde ou covardia
pois o verso aqui não fede
nem tão pouco a poesia
se quiser meu endereço
faça certo pois mereço
da vaca a melhor fatia

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