sábado, 17 de junho de 2006


de início não lia em livros
regalava-me o rio Santana
o rigor da areia branca
sob a planta dos pés
aos poucos
aventurei-me pelos matos de sucupiras
e mama-cadelas
o discurso dos peixes
me ouviam em mergulhos de olhos
abertos
em água barrenta
me seduzia o geometrismo dos pássaros de vôos distantes
alguns nunca cheguei a ver de tocar com os dedos
nem de ouvido
senti as dobras da sua plumagem
os longes me vieram depois
em silêncio
nas iluminuras dos livros

de início lia ao léu no que tropeçava
as sombras
as sobras
as obras do acaso na vertigem do vento
a linguagem desabitada em pedras me conduzia

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