segunda-feira, 12 de junho de 2006

Paisagens para meninos quietos




João Evangelista Rodrigues
Arcos, 03/03;02.
+
++




“Quando criança, seus prazeres encontrava estudando sozinho, brincando de geografia, colecionando insetos, e lendo. Adulto, diria que gostaria de escrever” um pequeno tratado para meninos quietos”.
Marília Librandi Rocha



“ Por que João sorria
se lhe perguntavam
que mistério é esse? “

Carlos Drummond de Andrade.






E
ra de desejo do João, o que floresce em rosas e em alecrins se perfuma, escrever um pequeno tratado – um livrinho que fosse - só para meninos quietos. Muito especialmente para um certo menino. Ele mesmo talvez. Dizem, franzino. Olhos negros e vivazes; Esperto mais que preá no vagel das cheias. O que talvez morasse já em lugar de palavras poucas. De difícil aparição e encontro. De miudezas da língua sertaneja. Povoadas de enigmas. Não por ingnorança nem por mera economia de tempo ou de saliva. Pois tempo, por aquelas paragens, é coisa que não falta. Sobra até.Menos ainda saliva. Se só de olhar frutas maduras e diversas na solidão do cerrado, a boca se espumava de água. E era de imediato que enchia de semelhante aos olhos. Lágrimas de prazer. Em caso de dores sem remédio, era mais chorar que escrever. Não por acaso o comer com os olhos, as frutas, as árvores, os bichos, as coisas todas vivas ou mortas, de asa ou não, que davam vida e alegria a imensidão sem fim. Se acontecesse de passar, de mesma idade que a sua, uma menina, morena quase sempre, por efeitos do sol, era com os olhos também que a fisgava.
Não sei porque não escreveu o livro. Tratou apenas de dizer seu desejoso desejo em fala de prosa amaciada pelo tempo, pela experiência. Não fez rascunho nem esboço. Nem de longe no céu rabiscou o relâmpago. Fraseou apenas sua intenção em famigerada entrevista. Claro estava, para quem quisesse ver e ouvir, que todo desejo é já acontecer. E acontecências sobejam por aquelas bandas. Parecer não parece, mas são grandes os fenômenos , De aparências enganosas, ainda mesmo à luz do dia. Olhos limpos se enganam. Daí que me pergunto em confusa comunhão de tempo e de espírito.Não estaria o livro prontinho, no forno, no coração de um outro menino? Não o mesmo João. O de antes, de antonces. De antanhos seres e serões nos avarandados soberbos. Outro de igual, andarilho, palavreador de coisas singelas. Quanto mais quietas melhor. Até colecionar em cadernos , feito borboletas , ele colecionava. Igualzinho ao outro, a todos. Quem garante que ele não aboiava palavras no interior de seu quarto enquanto dormia de por cima dos livros. Imaginando mares de estrelas. De boiadas encantadas pisoteando o chão vermelho do Gerais.
Quarto pequeno, maior que o mundo.Mais vasto que qualquer coração. Que qualquer Burgo. Se dois eram os desejos, melhor. Um João, por certo, ao outro ajudaria. Como? Nem imagino.De mutirão quem sabe. De longe, de lonjura desmedida viriam as palavras, as frases, os pensamentos de quase vivo em imagens. Era só ouvir e querer. Porque haveria, então, o tal João, ao outro, contradizer do crime a confissão. de ciúme ou de inveja, o mesmo. Isto são coisas de escritores de cidade grande. De gentes suplementares, anti-literias. Arquivadas. De desdiferenças lingüísticas.Por demais astutas. Perdem só para morcegos e rapousas. Não é lugar para jacarés, esses lugares. De onde não se entende, quem no meio não se está. nem foi pelo padrinho abençoado. De quem na mesma cartilha, não reza. Ou se escusa entender da fala-escrita toda tamanha amplidão. E foi assim, devagar se esgueirando pela cerca de bambu rachado , mais desconfiado que medroso. E foi indo junto com o escurecimento da chuva, da paisagem da página. Só que entre nuvens, de vez em quando, um fiapinho de luz vinha, sorrateiro e persistente.
Era assim a escrita a escritura sem divisa ou carta de apresentação. Vinha como vem o cego cantador de folias e emboladas, de repente . Se disser que é de improviso, o demo se vangloria pela mentira. Preparação mais longa e demorada demandam as palavras. Leituras e decifrações sobre nadas. Sobrenadam vozes no escuro. Na cegueria original dos homens. E se tudo é barulho e conversa, ninguém põe sentido. Ninguém, não há sentido nisso. Pois não necessita de pausa, a música. O ritmo do andar por aí a esmo. Nestes casos de só escuridão não se pode andar, em sossego, entre palavras. Menos ainda, com elas, dançar.Perde-se o rumo. O destino do vento some. Nem perfume se ouve. Nem bicho de faro e instinto mais precário andaria. Andarilho sabe, mesmo sem destino, aonde ir. Ou vosmecê pensa que o rio, mesmo sendo o São Francisco, de nascente perene em Casca Danta prõxmio de donde nasceu de pedra o outro João, entende seu percurso? Se entendesse na certa não faria tantas curvas e peripécias antes de desaparecer no mar. Iria direto no assombroso assunto. Pulava de cabeça no dsicurso emcompridado para, glorioso mergulhar de água doce, a salgada. Sabe mesmo o andarilho, quando não vai. Quando sentado ao pé de um arvoredo esquece de si mesmo o corpo, o peso, o pensamento. O passamento do tempo tudo em volta fica, quieto. Meio sem vida. Inerte.Ou fingindo. Musical. Sereno. Sossegado. Homem e rio, tudo igual em sem destino.
Mas porque gostaria de inventar paisagens para meninos quietos esse João, se o João e o outro de nome igual, são tudo, ambos, viajadores de mapas e memórias, de lugares , os mais estaranhos, de antanhos indecifráveis semblantes. Não de se estranhar por não existirem de fato as montanhas. Melhor dizendo de terem deixado de existir, muralhas em volta do horizonte, antes belo. Mas por serem lugares eles mesmos longe de si ciganos;
Tem cada coisa, esse tal de João. Seria mesmo por causa do desassossego da alma. Ou pura invencionice da inteligência matreira. O certo é que queria. E se queria, teria de conseguir. Não é assim todo menino? Mesmo os mais raquíticos.Os mais parebentos e esquisitos.
Não inventou. Simplesmente queria. Ele mesmo o conto. E já não bastava este seu querer sem razão O livro, penso, cismo por melhor dizer, estava dentro dele, já. Era convite , bilhete para viagem sem retorno.Bem que poderia ser a cavalo, galopear em baios machadores o cheiro do capim gordura se a estrada de cascalhos mais apressada galopa de tirar fogo e musica em ferraduras.
E foi lá que acabou ficando. Juntinho à porteira do curral. Coisa pra ninguém botar defeito ou mal olhado. Como poderia alguém sem ver ou ler desconsiderar o invento. Se já lá estava e com ele viajou para mais longe ainda. O que, ao outro João, o que lendo livros já escritos, descobriu o tal desejo, caberia do latifúndio da fala? De justiça de Deus ou do Diabo – ou mesmo de se fazer com as mãos - o fato de ser ele também menino de roça. De dessitiações históricas em final de século. De conhecer de machucar nas pedras os pés, os caminhos, os atalhos tais. De quase furar de espinho agulha os olhos.Mas aí, é que se emafusca o tinhoso .Acontece, que se for por este caminho, vai-se mais para cima de onde talvez nem esteja o primeiro. Quer dizer mais para o norte da terra de Cabrália. Pois agora, são já três os Joões. Três ou mais. E podem ser tantos quantos se queiram os leitores. Se sendo João acaba se desentendendo no falar ou no ver do mundo os ares. Complmentando-se.
Mas de verdade, prefere o último dos Joões, da vereda o vento, o mistério. Mais que o explendor do branco. Da manchete do jornal. O espelho da lua na água, o retrato do boi quando vai matar de luar sua sede. Nesses momentos de quietude nada o assusta. Tal como não assustaria o João, de maior porte e elegância, o autor. De escritura mais suave, nem tanto. Densa sim, dançante e desdobrável. Nada assusta o menino dentro dele. Nem mesmo o menino abandonado se assusta com os rruídos do sertão. O pio da coruja no cupim mais próximo. Nem o gemido da jaguatirica farejando os bezerros e os veados quando o gado manso dorme.
Não assustaria nunca o pensativo silêncio daquele menino mesmo ainda grande. Nem o berro do bugio dentro da capoeira. Nem peraltice do saci pedindo fogo ao vaqueiro arribado. Nem valentia de jagunço ao menino assustaria. Tiro certeiro a palavra fere o livro nasce.
O rio, sim, pode lhe causar certo encachoeirado espanto. De primeiramente, o abismal de Minas, por onde nunca pára de correr, no ermo, o cujo. Se não há explicação, assusta. Segundamente, o rio ri antes de, exatamente, a meia noite, parar. Quietude imensa essa, a do rio quando de margem a margem, inclundo a terceira, esvazia. Evapora. Excomunga o estio. Isso é que desnorteia as criaturas todas da terra. Seja ele quem for. Esteja onde estiver. Velho ou moço. Tímido ou corajoso. Falante ou afásico, o medo é possível somente ao homem. O medo e a morte. A poesia, de ambos em quietude se enamora.

Mas em que menino, mais exatamente claro, estava cismando o João, qualquer um dos tantos, quando desejou de escrever paisagens assim quietas, inquietantes.
E o que seria, para homem de tantas letras e labirintos, a quietude. Nada de óbvio, certamente. Nada de sono de estrelas, ou de céu sem anjos. Pedras contra o vazio, não poderia ser. Solidão de presídios. Pássaro pleno em descanso na corrente do ar, não. A respiração se suspende geografias indecifráveis. Que não há se faz.
Tudo que de quietude se imagina, perde, ao imaginar, o sossego. Mesmo leitura de olhos cerrados.De só balbuciar os lábios. O nome da pessoa amada. De coração disparado pelo sentido mais fundo. Beijo de borboleta sobre flor amarela. Trovejão de bomba dilacerando a pedra. Descanso em rede nordestina. Nada serve para sobre a quietude comparar.
Seria o mesmo João o menino admirante de paisagens quietas? Se não se confessa por si mesmo em confissão de escrita, não se sabe. Fica impossível de se saber. Principalmente quando a quietude resolve travestir-se em morte. Em formas outras de não se ser. Em dama de companhia mais fiel. Vira sigilo, o segredo. O que era só sossego em desassossego se torna. Paisgens quietas não existem, poderia dizer algum menino espoleta. O que existe é preguiça. Esmoreci




Paisagens para meninos quietos












João Evangelista Rodrigues
Arcos, 03/03;02.
+
++












“Quando criança, seus prazeres encontrava estudando sozinho, brincando de geografia, colecionando insetos, e lendo. Adulto, diria que gostaria de escrever” um pequeno tratado para meninos quietos”.
Marília Librandi Rocha



“ Por que João sorria
se lhe perguntavam
que mistério é esse? “

Carlos Drummond de Andrade.















E
ra de desejo do João, o que floresce em rosas e em alecrins se perfuma, escrever um pequeno tratado – um livrinho que fosse - só para meninos quietos. Muito especialmente para um certo menino. Ele mesmo talvez. Dizem, franzino. Olhos negros e vivazes; Esperto mais que preá no vagel das cheias. O que talvez morasse já em lugar de palavras poucas. De difícil aparição e encontro. De miudezas da língua sertaneja. Povoadas de enigmas. Não por ingnorança nem por mera economia de tempo ou de saliva. Pois tempo, por aquelas paragens, é coisa que não falta. Sobra até.Menos ainda saliva. Se só de olhar frutas maduras e diversas na solidão do cerrado, a boca se espumava de água. E era de imediato que enchia de semelhante aos olhos. Lágrimas de prazer. Em caso de dores sem remédio, era mais chorar que escrever. Não por acaso o comer com os olhos, as frutas, as árvores, os bichos, as coisas todas vivas ou mortas, de asa ou não, que davam vida e alegria a imensidão sem fim. Se acontecesse de passar, de mesma idade que a sua, uma menina, morena quase sempre, por efeitos do sol, era com os olhos também que a fisgava.
Não sei porque não escreveu o livro. Tratou apenas de dizer seu desejoso desejo em fala de prosa amaciada pelo tempo, pela experiência. Não fez rascunho nem esboço. Nem de longe no céu rabiscou o relâmpago. Fraseou apenas sua intenção em famigerada entrevista. Claro estava, para quem quisesse ver e ouvir, que todo desejo é já acontecer. E acontecências sobejam por aquelas bandas. Parecer não parece, mas são grandes os fenômenos , De aparências enganosas, ainda mesmo à luz do dia. Olhos limpos se enganam. Daí que me pergunto em confusa comunhão de tempo e de espírito.Não estaria o livro prontinho, no forno, no coração de um outro menino? Não o mesmo João. O de antes, de antonces. De antanhos seres e serões nos avarandados soberbos. Outro de igual, andarilho, palavreador de coisas singelas. Quanto mais quietas melhor. Até colecionar em cadernos , feito borboletas , ele colecionava. Igualzinho ao outro, a todos. Quem garante que ele não aboiava palavras no interior de seu quarto enquanto dormia de por cima dos livros. Imaginando mares de estrelas. De boiadas encantadas pisoteando o chão vermelho do Gerais.
Quarto pequeno, maior que o mundo.Mais vasto que qualquer coração. Que qualquer Burgo. Se dois eram os desejos, melhor. Um João, por certo, ao outro ajudaria. Como? Nem imagino.De mutirão quem sabe. De longe, de lonjura desmedida viriam as palavras, as frases, os pensamentos de quase vivo em imagens. Era só ouvir e querer. Porque haveria, então, o tal João, ao outro, contradizer do crime a confissão. de ciúme ou de inveja, o mesmo. Isto são coisas de escritores de cidade grande. De gentes suplementares, anti-literias. Arquivadas. De desdiferenças lingüísticas.Por demais astutas. Perdem só para morcegos e rapousas. Não é lugar para jacarés, esses lugares. De onde não se entende, quem no meio não se está. nem foi pelo padrinho abençoado. De quem na mesma cartilha, não reza. Ou se escusa entender da fala-escrita toda tamanha amplidão. E foi assim, devagar se esgueirando pela cerca de bambu rachado , mais desconfiado que medroso. E foi indo junto com o escurecimento da chuva, da paisagem da página. Só que entre nuvens, de vez em quando, um fiapinho de luz vinha, sorrateiro e persistente.
Era assim a escrita a escritura sem divisa ou carta de apresentação. Vinha como vem o cego cantador de folias e emboladas, de repente . Se disser que é de improviso, o demo se vangloria pela mentira. Preparação mais longa e demorada demandam as palavras. Leituras e decifrações sobre nadas. Sobrenadam vozes no escuro. Na cegueria original dos homens. E se tudo é barulho e conversa, ninguém põe sentido. Ninguém, não há sentido nisso. Pois não necessita de pausa, a música. O ritmo do andar por aí a esmo. Nestes casos de só escuridão não se pode andar, em sossego, entre palavras. Menos ainda, com elas, dançar.Perde-se o rumo. O destino do vento some. Nem perfume se ouve. Nem bicho de faro e instinto mais precário andaria. Andarilho sabe, mesmo sem destino, aonde ir. Ou vosmecê pensa que o rio, mesmo sendo o São Francisco, de nascente perene em Casca Danta prõxmio de donde nasceu de pedra o outro João, entende seu percurso? Se entendesse na certa não faria tantas curvas e peripécias antes de desaparecer no mar. Iria direto no assombroso assunto. Pulava de cabeça no dsicurso emcompridado para, glorioso mergulhar de água doce, a salgada. Sabe mesmo o andarilho, quando não vai. Quando sentado ao pé de um arvoredo esquece de si mesmo o corpo, o peso, o pensamento. O passamento do tempo tudo em volta fica, quieto. Meio sem vida. Inerte.Ou fingindo. Musical. Sereno. Sossegado. Homem e rio, tudo igual em sem destino.
Mas porque gostaria de inventar paisagens para meninos quietos esse João, se o João e o outro de nome igual, são tudo, ambos, viajadores de mapas e memórias, de lugares , os mais estaranhos, de antanhos indecifráveis semblantes. Não de se estranhar por não existirem de fato as montanhas. Melhor dizendo de terem deixado de existir, muralhas em volta do horizonte, antes belo. Mas por serem lugares eles mesmos longe de si ciganos;
Tem cada coisa, esse tal de João. Seria mesmo por causa do desassossego da alma. Ou pura invencionice da inteligência matreira. O certo é que queria. E se queria, teria de conseguir. Não é assim todo menino? Mesmo os mais raquíticos.Os mais parebentos e esquisitos.
Não inventou. Simplesmente queria. Ele mesmo o conto. E já não bastava este seu querer sem razão O livro, penso, cismo por melhor dizer, estava dentro dele, já. Era convite , bilhete para viagem sem retorno.Bem que poderia ser a cavalo, galopear em baios machadores o cheiro do capim gordura se a estrada de cascalhos mais apressada galopa de tirar fogo e musica em ferraduras.
E foi lá que acabou ficando. Juntinho à porteira do curral. Coisa pra ninguém botar defeito ou mal olhado. Como poderia alguém sem ver ou ler desconsiderar o invento. Se já lá estava e com ele viajou para mais longe ainda. O que, ao outro João, o que lendo livros já escritos, descobriu o tal desejo, caberia do latifúndio da fala? De justiça de Deus ou do Diabo – ou mesmo de se fazer com as mãos - o fato de ser ele também menino de roça. De dessitiações históricas em final de século. De conhecer de machucar nas pedras os pés, os caminhos, os atalhos tais. De quase furar de espinho agulha os olhos.Mas aí, é que se emafusca o tinhoso .Acontece, que se for por este caminho, vai-se mais para cima de onde talvez nem esteja o primeiro. Quer dizer mais para o norte da terra de Cabrália. Pois agora, são já três os Joões. Três ou mais. E podem ser tantos quantos se queiram os leitores. Se sendo João acaba se desentendendo no falar ou no ver do mundo os ares. Complmentando-se.
Mas de verdade, prefere o último dos Joões, da vereda o vento, o mistério. Mais que o explendor do branco. Da manchete do jornal. O espelho da lua na água, o retrato do boi quando vai matar de luar sua sede. Nesses momentos de quietude nada o assusta. Tal como não assustaria o João, de maior porte e elegância, o autor. De escritura mais suave, nem tanto. Densa sim, dançante e desdobrável. Nada assusta o menino dentro dele. Nem mesmo o menino abandonado se assusta com os rruídos do sertão. O pio da coruja no cupim mais próximo. Nem o gemido da jaguatirica farejando os bezerros e os veados quando o gado manso dorme.
Não assustaria nunca o pensativo silêncio daquele menino mesmo ainda grande. Nem o berro do bugio dentro da capoeira. Nem peraltice do saci pedindo fogo ao vaqueiro arribado. Nem valentia de jagunço ao menino assustaria. Tiro certeiro a palavra fere o livro nasce.
O rio, sim, pode lhe causar certo encachoeirado espanto. De primeiramente, o abismal de Minas, por onde nunca pára de correr, no ermo, o cujo. Se não há explicação, assusta. Segundamente, o rio ri antes de, exatamente, a meia noite, parar. Quietude imensa essa, a do rio quando de margem a margem, inclundo a terceira, esvazia. Evapora. Excomunga o estio. Isso é que desnorteia as criaturas todas da terra. Seja ele quem for. Esteja onde estiver. Velho ou moço. Tímido ou corajoso. Falante ou afásico, o medo é possível somente ao homem. O medo e a morte. A poesia, de ambos em quietude se enamora.

Mas em que menino, mais exatamente claro, estava cismando o João, qualquer um dos tantos, quando desejou de escrever paisagens assim quietas, inquietantes.
E o que seria, para homem de tantas letras e labirintos, a quietude. Nada de óbvio, certamente. Nada de sono de estrelas, ou de céu sem anjos. Pedras contra o vazio, não poderia ser. Solidão de presídios. Pássaro pleno em descanso na corrente do ar, não. A respiração se suspende geografias indecifráveis. Que não há se faz.
Tudo que de quietude se imagina, perde, ao imaginar, o sossego. Mesmo leitura de olhos cerrados.De só balbuciar os lábios. O nome da pessoa amada. De coração disparado pelo sentido mais fundo. Beijo de borboleta sobre flor amarela. Trovejão de bomba dilacerando a pedra. Descanso em rede nordestina. Nada serve para sobre a quietude comparar.
Seria o mesmo João o menino admirante de paisagens quietas? Se não se confessa por si mesmo em confissão de escrita, não se sabe. Fica impossível de se saber. Principalmente quando a quietude resolve travestir-se em morte. Em formas outras de não se ser. Em dama de companhia mais fiel. Vira sigilo, o segredo. O que era só sossego em desassossego se torna. Paisgens quietas não existem, poderia dizer algum menino espoleta. O que existe é preguiça. Esmorecimento de sol ao meio dia, depois do almoço fugaz com os passarinhos, do banho de rio em poço perigoso. Depois de comer goiaba com leite, de misturar manga com araticum e cagaia. Vaca parida de novo lanbendo a cria, remoendo de carinho a vida nova. Tudo o mais que de passagem se encontra e se sendo doce, pode se comer. Tem veneno não senhor.Dá uma preguiça sem conta, o sertão, em certas horas.
No lusco-fusco, nem se fala. Juriti pia mais triste. Maritacas passam em bandos gritando. Algazarreando nuvens sobre a copa das nuvens, das casas, o burgo das almas. Da cidade sem. Mas não atrapalham. É muito maior o silêncio. A quietude. O que atrapalha é o barulho do mundo. A babel de espelhos. O espetáculo. O mal gosto, o mal estar dos homens. O descuidado entre si. A gananciosa devoração dos signos. Das letras de câmbio. Afora isto é só sorrir diante de tanto mistério. Da multiplicidade, da multiplicação das línguas., do pão de cada dia. Que de tantas no dicionário não cabem. Surgem, flores no campo.Sem ninguém semear o no agreste, vastidões gerais , minerações, sem fim. E como não se quisesse parar de escrever o já escrito, um João ao outro fala e fala ou outro , como se rio fosse ou galo, tecendo em sossego e palavras transverbiais o poema, a paisagem , passagem de leitura a leitura mais quieta. Irmão maior, do meio. De sonho que se sonha sempre em sorrisos, em vigília olhando louva-a -deus. O menino dorme. mento de sol ao meio dia, depois do almoço fugaz com os passarinhos, do banho de rio em poço perigoso. Depois de comer goiaba com leite, de misturar manga com araticum e cagaia. Vaca parida de novo lanbendo a cria, remoendo de carinho a vida nova. Tudo o mais que de passagem se encontra e se sendo doce, pode se comer. Tem veneno não senhor.Dá uma preguiça sem conta, o sertão, em certas horas.
No lusco-fusco, nem se fala. Juriti pia mais triste. Maritacas passam em bandos gritando. Algazarreando nuvens sobre a copa das nuvens, das casas, o burgo das almas. Da cidade sem. Mas não atrapalham. É muito maior o silêncio. A quietude. O que atrapalha é o barulho do mundo. A babel de espelhos. O espetáculo. O mal gosto, o mal estar dos homens. O descuidado entre si. A gananciosa devoração dos signos. Das letras de câmbio. Afora isto é só sorrir diante de tanto mistério. Da multiplicidade, da multiplicação das línguas., do pão de cada dia. Que de tantas no dicionário não cabem. Surgem, flores no campo.Sem ninguém semear o no agreste, vastidões gerais , minerações, sem fim. E como não se quisesse parar de escrever o já escrito, um João ao outro fala e fala ou outro , como se rio fosse ou galo, tecendo em sossego e palavras transverbiais o poema, a paisagem , passagem de leitura a leitura mais quieta. Irmão maior, do meio. De sonho que se sonha sempre em sorrisos, em vigília olhando louva-a -deus. O menino dorme.

Nenhum comentário: